O Mercado Bitcoin, que afirma ser a maior plataforma para negociação de criptoativos do Brasil, busca dobrar o faturamento em 2019 de forma orgânica e aumentar a base de clientes em 70% em relação ao ano passado, e avalia uma captação no último trimestre para acelerar a expansão dos negócios.
“Até agora não precisamos captar, crescemos com recursos próprios. Com o lançamento dos ativos digitais estamos considerando uma captação no último trimestre de 2019 para acelerar o nosso crescimento”, afirmou o presidente-executivo da companhia, Marcos Alves, sem detalhar.
O MB não abre dados sobre faturamento, mas o volume negociado em 2019 já alcança 3 bilhões de reais, conforme dados até o final de julho. Em 2018, o montante transacionado na plataforma somou 2,5 bilhões de reais -afetado pela forte queda do valor do bitcoin - e em 2017 totalizou 4,5 bilhões de reais.
Em relação à base de clientes, o MB tem atualmente 1,6 milhão de clientes cadastrados, contra 1,2 milhão no final do ano passado e 900 mil no final de 2017.
Alves, que está no comando da companhia desde abril, destaca que a volatilidade das moedas digitais tem um “super impacto” nos números da empresa, com a recuperação nas cotações neste ano, particularmente a partir do segundo trimestre, ajudando também na atratividade desses ativos.
Desde o final de março, o bitcoin acumula valorização de cerca de 150%. Em 2018, a moeda caiu 73%, após um salto de 1.300% um ano antes. Boa parte do impulso de 2019 veio do anúncio do Facebook, de que planeja lançar sua própria criptomoeda, a libra.
“Depois do forte crescimento em 2017, veio o ajuste em 2018 e a empresa precisou se reestruturar. Nós passamos tanto pela fase mais positiva como pela mais difícil. Mas hoje o Mercado Bitcoin é uma empresa ‘redonda’, com uma estratégia muito definida”, disse Alves.
Para consolidar e ampliar a liderança, o MB tem trabalhado também no desenvolvimento de produtos alternativos às moedas propriamente ditas por meio de sua unidade “MB Digital Assets”, e no começo deste mês disponibilizou frações de precatórios do Estado de São Paulo.
Os dois primeiros lotes de precatórios ofertados já se esgotaram, sendo que o primeiro de 1 milhão de reais em 24 horas e o segundo, com 5 milhões de reais, em menos de três dias. Cada fração saiu a 100 reais.
O grupo, que nasceu em 2013, também criou a MB Ventures pela qual está investindo em fintechs com potencial para fortalecer e alavancar a plataforma de negociação de criptoativos. As áreas de interesse incluem meios de pagamento, robô advisors, inteligência artificial, banking as a service, entre outros.
“Estamos prevendo terminar 2019 com seis investimentos concluídos”, afirmou o executivo.
Alves também ressaltou que o MB tem preocupação em relação a compliance e segurança da sua plataforma, destacando a participação no comitê de gestão da empresa de egressos de companhias como Cetip/B3 e Deal Maker.
“A blockchain, a criptomoeda são ferramentas muito poderosas, em que o joio e o trigo andam junto... então é preciso ter um alto padrão de segurança, de confiabilidade”, afirmou, avaliando que a parte do ‘joio’ acaba tendo um impacto real muito pequeno nos negócios do MB.
Ele não fez estimativas sobre o comportamento dos preços das moedas digitais para o curto e médio prazos, mas ponderou que no cenário de longo prazo há chance de valorização das criptomoedas dada a oferta limitada, bem como interesse crescente e o próprio possível lançamento da libra pelo Facebook.
No caso do Brasil, especificamente, Alves avalia que o ambiente de juros menores, com a taxa Selic em mínimas históricas, pode colocar os ativos digitais como mais uma alternativa de diversificação de investimentos em busca de maior rentabilidade.