Segundo maior exportador de commodities agropecuárias do mundo e quinto maior produtor de alimentos do planeta, o agronegócio brasileiro só tem razões para comemorar, mesmo em tempos de pandemia. O setor segue crescendo tanto em produtividade, quanto em representatividade no PIB do país.
Se por um lado, principalmente devido à pandemia de Coronavírus, os economistas estimam uma queda de 5% no PIB, por outro, o segmento do agronegócio, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, calcula um crescimento da ordem de 2,4% para este ano - número a ser mais do que comemorado, uma vez que o setor representa hoje algo em torno de 21% do PIB brasileiro, participação que tem aumentado ano a ano.
Esses resultados são frutos de trabalhos muito bem estruturados por décadas em laboratórios como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por exemplo, onde se desenvolvem sementes e insumos mais adequados para as peculiaridades do nosso território, a fim de melhorar não só a produtividade, mas também a qualidade do produto nacional.
Diante de uma crise sanitária dessa proporção, a agricultura se mostra ainda mais essencial. Com a queda do consumo de bens e serviços mundo afora, o Brasil acabou se destacando como grande protagonista na oferta global de alimentos, devido também à safra recorde de soja deste ano, que deve ultrapassar 120 milhões de toneladas, alçando o país, novamente, ao posto de primeiro lugar no ranking de produtor mundial e elevando a 250,9 milhões de toneladas a safra total de grãos, no ciclo 2019/2020, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Beneficiado primeiramente pela qualidade de seus produtos e pela alta do dólar, o que torna nosso produto mais competitivo, a confiança no produto agrobrasileiro também é essencial para se estabelecer como parceiro de grandes compradores mundiais, como a China, que sozinha compra 31% da produção brasileira. Esse percentual corresponde à soma do que compram do Brasil, juntos, Estados Unidos, Argentina e União Europeia. Vale celebrar também o aumento das compras de outras economias fortes, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, que optaram pelo agrobrasileiro para repor seus estoques em tempos de pandemia.
O empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior, que sempre acreditou no agronegócio brasileiro, ressalta que "é importante que o país se estruture para o escoamento dessa produção, uma vez que o agronegócio brasileiro compete em nível de igualdade ou até mesmo superioridade frente a qualquer outro produtor no mundo". Para Moura Junior, "evitar perdas com a fase logística da venda representaria o potencial importante para incremento dos negócios, pois se estima que 10% daquilo que se transporta no Brasil é perdido no caminho entre o produtor e o destino final". Mourinha, como o empresário é conhecido, tem grande especialização em processos logísticos de alta complexidade.
Obviamente que não só de bons resultados vive o agronegócio brasileiro, uma vez que a baixa do petróleo fez com que as usinas de álcool, por exemplo, tivessem uma queda em sua demanda, assim como a produção de algodão, por conta da diminuição na produção de itens de vestuário. Outro setor impactado foi o de flores, no qual houve casos de colheitas destruídas pelos próprios produtores, uma vez que a venda do produto regrediu ou estagnou. Diante da situação, o Ministério da Agricultura apontou diversas linhas de créditos para esses produtores, aumentou as compras públicas e prorrogou as dívidas do setor, na expectativa de uma recuperação, quando se estiver mais perto da normalidade que a Covid-19 impôs.