O campo está cada vez mais tecnológico da porteira para dentro, e os produtores, mais abertos à incorporação de tecnologias que se mostram eficazes no trabalho diário nas fazendas. Entre outros objetivos, a tecnologização visa aumentar a produção, a qualidade e reduzir as perdas da cultura a partir do uso mais eficiente de recursos como água, energia, insumos e equipamentos.
A agricultura está na base da economia brasileira, o que justifica a demanda por investimentos em tecnologia no setor. O Sistema CNA juntamente com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresceu 3,81% em 2019 na comparação com o ano anterior, e representou 21,4% do PIB total do país no ano passado.
Apesar da pandemia de Covid-19, o PIB do setor agropecuário brasileiro deve registrar crescimento de 2,5% em 2020. A previsão divulgada no dia 26 de maio pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) utiliza como base a previsão de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A agropecuária apresentou crescimento de 0,6% no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao quarto trimestre de 2019, conforme dados divulgados em 29 de maio também pelo IBGE sobre o PIB do país. De acordo com as informações, o setor foi o único da atividade econômica nacional a crescer no período analisado.
Novidades em tecnologia para o mercado Agro
O Brasil é um expoente mundial do agronegócio, tanto em volume de produção como em desenvolvimento de tecnologias para o campo. Sensores; softwares de gestão; mecanismos de automação; Big Data; IoT (Internet of Things – internet das coisas); AI (Artificial Intelligence – inteligência artificial); e outras tecnologias têm se tornado essenciais para responder, de forma sustentável, à demanda crescente de alimentos, gerada sobretudo pelo aumento populacional.
A iCrop, empresa especializada em gestão de irrigação, manejo de água e energia, é uma das que vêm implementando soluções nesse sentido. Recentemente a empresa anunciou o lançamento da nova versão da sua plataforma, a iCrop Vision, que apresenta uma série de funções relacionadas às aplicações citadas e aos conceitos de User Experience (UX) e User Interface (UI), que proporcionam ao usuário uma experiência formatada para as necessidades dele. Algumas dessas funções são:
De acordo com Daniel Ávila, diretor comercial da iCrop, a empresa está focada em como esses avanços funcionam na prática do campo e em como eles geram resultados que podem ser sentidos e mensurados pelo irrigante. “Inserimos as inovações que vínhamos desenvolvendo recentemente na versão atualizada da plataforma, a iCrop Vision. Estamos ainda mais próximos e integrados às fazendas por meio do acesso remoto e da troca de dados em tempo real. A iCrop Vision não dispensa a presença do consultor na fazenda, mas reduz a necessidade das visitas. O consultor, então, passa a dispor de mais tempo e recursos para analisar dados mais precisos junto à equipe da fazenda. As decisões, que consequentemente são mais acertadas, são tomadas pelo produtor e pelo consultor responsável. Todo esse conjunto nos garante o equilíbrio necessário entre a precisão tecnológica do serviço remoto da plataforma e a presença dos nossos consultores no campo”. Para conhecer a plataforma iCrop Vision, acesse: www.icrop.com.br
Participação do Governo
Em agosto de 2019, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento assinaram um acordo de cooperação técnica com o objetivo de promover ações para expansão da internet no campo; aumento de produtividade; fomento a tecnologias e serviços inovadores; e o posicionamento do Brasil como exportador de soluções de Internet das Coisas (IoT) para a agricultura.
O acordo também estabeleceu a criação da Câmara do Agro 4.0 como parte do Plano Nacional de Internet das Coisas. A ideia foi a de ter um órgão de debates com participação de Governo, empresas e instituições de ensino superior para construir uma estratégia para as fazendas conectadas, que utilizam soluções como automação, interatividade, monitoramento em tempo real, Big Data, entre outros.
Na primeira reunião da Câmara do Agro 4.0, realizada em outubro de 2019, foi apresentado o estudo feito pela ESALQ/Usp para mapear a situação da conectividade no Brasil. Os resultados preliminares mostraram que menos de 4% do território nacional é conectado à internet e que há uma demanda por pelo menos 5.600 antenas para melhorar a oferta de banda larga no país.
Uma das maiores dificuldades do agronegócio brasileiro é o acesso à conectividade. Em entrevista ao Agrishow Feira (YouTube), Alexandre Dal Forno, head de produtos corporativos e IoT da Tim, estima que no Brasil ainda há cerca de 70 a 80 milhões de hectares sem cobertura de internet.
Desafios
Vanessa Menari, diretora de tecnologia da iCrop, afirma que o principal desafio enfrentado durante o desenvolvimento da iCrop Vision foi o de transformar informações técnicas com alto grau de complexidade em soluções simples, capazes de serem interpretadas com mais facilidade pelos usuários. “Reunimos, de maneira didática, as principais informações que o produtor precisa para tomar decisões de irrigação com ainda mais clareza, confiança e precisão”.
Investir em modernização pode ser um passo promissor, se a vocação do Brasil para o agronegócio for considerada. A importância do setor para a economia agrícola; a expressão do país no desenvolvimento e implementação de novas tecnologias no campo; e a participação do Governo enquanto fomentador dessas tecnologias também podem ser levadas em conta.
Um dos princípios formulados por Shoshana Zuboff, Ph.D. em Psicologia Social pela Universidade de Harvard e professora aposentada de Administração de Negócio pela Harvard Business School, pode ser resumido em “tudo o que pode ser automatizado será automatizado”. O setor Agro pode servir de exemplo para a reflexão de Zuboff.