As variações dos preços das commodities e do dólar, a instabilidade econômica, a restrição de crédito das instituições financeiras e a falta de previsibilidade do que pode acontecer na próxima safra podem gerar insegurança nos produtores rurais no momento de planejar e prospectar os custos da produção. Para driblar as incertezas geradas pelo cenário político e econômico, as operações de barter podem ser uma opção para que se possa comprar insumos para a safra 2020/21. Afinal, a permuta permite ao agricultor fixar os custos com insumos utilizando-se das perspectivas do mercado para o preço das sacas colhidas.
Esse tipo de operação surgiu nos anos 90, com o interesse das empresas especializadas na comercialização de commodities em expandir os seus negócios em soja na região centro-oeste, mas na época ainda era uma prática pouco conhecida e de alcance regional. No entanto, por ser uma opção segura para agricultores adquirirem insumos em períodos de juros altos e crédito difícil, essa ferramenta de nome diferente logo se popularizou e hoje é bem conhecida por produtores em todo o Brasil. Barter, que significa escambo ou permuta em inglês, é uma modalidade de pagamento que responde por cerca de 20% ou mais do faturamento das grandes empresas do agronegócio. É um modelo tão bem-sucedido que já foi exportado para a Argentina e leste europeu.
Nas últimas duas décadas, a modalidade de negócios por meio de barter foi além do cultivo da soja e hoje inclui os principais cultivos do agronegócio nacional, como algodão, café, cana-de-açúcar e milho. Também se tornou atraente para fornecedores de maquinário. De 2015 para cá, os principais fabricantes de máquinas agrícolas também passaram a oferecer a operação como forma de pagamento. Por isso, nas grandes feiras agro, não é difícil encontrar produtores interessados em saber como trocar suas sacas por implementos, tratores, colheitadeiras e até veículos de uso diário, como caminhonetes.
Com uma perspectiva de custo pré-fixada, o agricultor tem uma tranquilidade para se preocupar apenas com a produção. O propósito da Bayer em oferecer esse tipo de negociação é para que o agricultor se dedique cada vez mais à condução da lavoura, que é onde o seu conhecimento é mais valioso.
“A busca por oportunidades de ampliação dos ganhos é inerente à atividade do produtor, uma vez que ele vive da receita da venda de sua produção. O custo com a safra pode ser “travado” em qualquer momento, mas o quanto antes o produtor souber os seus gastos, melhor ele gerenciará a sua rentabilidade. Ao fazer o barter, ele trava apenas parte da produção, correspondente aos seus custos, e a variação da receita do produtor estará restrita ao resto da produção”, afirma o gerente de nacional de operações de barter da divisão agrícola da Bayer no Brasil, Carlos Eduardo Branduliz.
A Bayer oferece a opção de compra por operações de barter desde 2002, para negociações em soja, milho, café, algodão, cana-de-açúcar e seus derivados (etanol, açúcar, energia, entre outros). No momento de transação com a companhia, o produtor pode escolher entre duas modalidades de barter, a física e a financeira. Na primeira, a Bayer precifica a commodity e, ao final da safra, o produtor faz a entrega do volume acordado em uma empresa indicada pela companhia. Já no contrato feito no modo financeiro, o produtor rural pode vincular o pagamento da sua compra com a Bayer ao preço futuro da commodity escolhida, ou seja, sem a necessidade da entrega física da sua produção.
Segundo Branduliz, além de controlar melhor os custos e manter o dinheiro do agricultor em caixa, o barter também ajuda o produtor a gerenciar melhor a armazenagem da sua produção, uma vez que parte da colheita já foi vendida e tem local de entrega pré-estabelecido. Outro aspecto importante é proporcionar ao produtor opções diferentes de comercialização, pois muitas vezes levamos opções de Barter em contrapartes que o produtor não tinha acessado ainda.