O setor sucroenergético busca manter o planejamento de trabalho para o ano de 2020. Tanto que parte delas já fez contato com as fornecedoras de calcário, para o levantamento de custos envolvendo a compra de corretivos de acidez de solo.
Porém, o cenário de incertezas na economia, em função da doença Covid-19, tem feito o setor atuar de olho nas notícias diárias. O planejamento para o plantio dos canaviais segue a mesma lógica.
"No começo de abril tivemos consultas por parte das usinas. A efetivação desse processo ainda é incerta, em função do momento que vivemos", conta João Bellato Júnior, presidente da Associação Brasileira e do Sindicato das Indústrias Produtoras de Calcário do Estado de São Paulo (Abracal e Sindical, respectivamente).
Entidades da cadeia sucroenergética de todo o país enviaram no último dia 14 um documento ao presidente Jair Bolsonaro em que relatam os impactos no setor com a Covid-19. Os baixos preços internacionais do petróleo também prejudicam as usinas.
Segundo o documento, o etanol tem sido vendido abaixo de seu valor de custo. Se isso continuar, usinas serão obrigadas a interromper a safra recém-iniciada, cita a nota da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única). O governo estuda o pedido.
Mais cortes
No estado de São Paulo, os setores sucroalcooleiro e da citricultura são os dois principais clientes da indústria do calcário. As aplicações do corretivo, uma das medidas que amplia a produtividade das lavouras, garantem mais cortes de cana.
Corrigida, a acidez do solo também melhora o rendimento do fertilizante, insumo cujos preços são afetados pela variação cambial - bastante volátil no atual cenário.
Consumo
Bellato cita que a logística também é importante no processo de entrega de calcário aos clientes e no escoamento da safra. "No caso das estradas, a permissão de abertura dos postos às margens das rodovias, como Anhanguera e Bandeirantes, melhorou o cenário", relata.
O estado consumiu cerca de 5,3 milhões de toneladas de calcário no ano passado. A previsão para 2020 era de alta de 15% - o que não deve se confirmar. As estatísticas apontam que o segundo e terceiro trimestres concentram duas em cada três toneladas consumidas do corretivo nas lavouras paulistas.