09/04/2020 às 17h33min - Atualizada em 09/04/2020 às 17h33min

Criminosos se passam por delegados de polícia para aplicar golpe

Delegado catarinense teve o nome envolvido no golpe conhecido como “sextorsão” no Rio Grande do Sul; quadrilha agia no estado gaúcho, em Santa Catarina e no Paraná

- 87 News
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A seriedade na voz até poderia fazer alguém pensar que se trata de uma mensagem real, mas o tom já dá indícios de que se trata de um golpe. “O senhor está falando com um delegado de polícia. A partir de agora, vou estar lhe aguardando a sua atenção para o senhor vir conversar comigo, se o senhor não quer ter um problema enorme em sua vida”, diz suspeito em áudio enviado à vítima.

 

Estelionatários aplicaram golpe no RS, Santa Catarina e Paraná – Foto: Reprodução

Essa é uma das mensagens enviadas por um detento de um presídio gaúcho a uma vítima do chamado “sextorsão”, o golpe que tem usado, de forma criminosa, nomes de delegados. O delegado catarinense Eduardo Defaveri, por exemplo, viu o seu nome sendo utilizado para extorquir vítimas do golpe.

O golpe inicia com um pedido de amizade em uma rede social. O pedido parte, supostamente, de uma garota jovem e bonita. Quando a vítima aceita o convite, os suspeitos começam a conversar, enviar fotos de mulheres nuas e também pedem fotos íntimas. O “público alvo” do golpe são homens empresários.

A partir do momento que as fotos são enviadas pela vítima, os suspeitos começam a extorqui-la afirmando que se trata de um caso de pedofilia e exigem o pagamento de valores, explica o delegado gaúcho André Anicet.

Nomes de delegados são usados na segunda parte do golpe

O nome dos policiais é envolvido na segunda parte do golpe. Neste momento, os suspeitos passam a afirmar que o perfil era de uma menor de idade e que a Polícia Civil começou a investigar o caso.

O falso delegado entra em ação e afirma que pode resolver a situação de maneira “amigável”. O nome do delegado Eduardo Defaveri foi utilizado para tentar extorquir as vítimas. O suspeito chega a enviar uma foto da suposta “carteira funcional” como prova, ameaça a vítima e pede o depósito de R$ 2 mil.

 

Diálogos entre os estelionatários e a vítima. Abaixo, a carteira funcional falsa- Foto: Reprodução

“É um sentimento de surpresa porque eles apresentam, inclusive, uma funcional falsa, no meu caso, de Santa Catarina. E depois, com um sentimento de preocupação porque o nosso nome pode ser envolvido em outro Estado e a depender da situação é capaz mesmo de haver um procedimento instaurado, pode ter inquéritos policiais em nosso nome”, diz Defaveri.

A investigação continua na Polícia Civil do Rio Grande do Sul e, em um dos áudios, o suspeito se passa por delegado e ameaça um homem de prisão. “Grande parte desses criminosos está no sistema prisional. Conseguimos cumprir mandados de busca nas celas e conseguimos apreender celulares que eles estavam utilizando para a prática delitiva. Nas próprias conversas, há provas dos delitos”, explica Anicet.

Para o delegado catarinense, é fundamental que as vítimas registrem boletim de ocorrência, mesmo que sem detalhes. “É importante que tragam o número do telefone que o indivíduo utilizou e algumas conversas que mostrem os documentos que eles utilizaram”, orienta.

A Polícia Civil gaúcha identificou quatro suspeitos e ainda apura quantas pessoas foram vítimas do golpe que, por essa quadrilha, foi aplicado no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Eles podem responder por estelionato, formação de quadrilha e extorsão.


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