Dentre as mudanças que as escolas tiveram de passar ao longo do ano em decorrência da pandemia, uma delas acabou ficando em segundo plano na agenda. A reforma do Ensino Médio, que indica uma nova etapa da educação brasileira, precisa ser implementada pelas instituições e redes de ensino até 2022 - prazo máximo exigido pelo MEC, e por se tratar do segmento mais complexo do ciclo básico, educadores terão de correr para implementar o projeto.
Com alterações realizadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que promoveram mudanças no currículo do Ensino Médio em 2017, somadas à aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituições de todo o país passaram a rever os conteúdos que seriam ensinados no último ciclo da educação básica. Entre todos os pontos do documento, um dos que chama mais a atenção, inclusive por ser inédito, é a elaboração dos itinerários formativos, que é a parte flexível de todo o currículo.
Para André Freitas, gerente de projetos pedagógicos do Sistema de Ensino pH, esse item da reforma será importante para enfrentar o histórico de evasão escolar, baixo nível de aprendizado e desinteresse dos estudantes, que poderão escolher as disciplinas que querem estudar conforme seus interesses, aptidões e objetivos. "Isso vai cessar aquela famosa pergunta que os professores há décadas escutam de seus alunos: ‘para que estou aprendendo essa matéria?’", diz.
No entanto, caberá às escolas oferecer opções de currículo e construí-los de acordo com os interesses da comunidade. "Elas devem formatar seu currículo de acordo com o que combina com o seu perfil, escutando pais e alunos e aproveitando a estrutura (física e humana) e as atividades extracurriculares que já existem por lá", explica Freitas.
Além disso, as aulas devem estar organizadas a partir de eixos que vão orientar todo o planejamento: Investigação Científica, Processos Criativos, Mediação e Intervenção Sociocultural e Empreendedorismo. Outro ponto a se considerar é que os itinerários podem ser elaborados por áreas do conhecimento separadamente (Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas), integralmente (com duas ou mais áreas) ou com foco na formação técnica e profissional (profissionalizante).
Para preparar o aluno para escolher o caminho que vai trilhar no Ensino Médio e em uma possível graduação, a reforma exige que os colégios construam um espaço dedicado ao Projeto de Vida do estudante, que começa no Ensino Fundamental e deve continuar no Ensino Médio. Para Freitas, esse trabalho pode considerar alguns aspectos como a do autoconhecimento do aluno sobre seus interesses e a dimensão do planejamento, que diz respeito ao empreender ações que façam o jovem sair do plano das ideias e caminhar rumo de seus objetivos.
Em todo o país, alguns estados estão em processo de implementação do novo currículo na rede pública, como SP. Já na rede privada, o Sistema de Ensino pH é um dos pioneiros a já terem o material em produção. A previsão é de que o currículo seja implementado progressivamente aos alunos do primeiro ano do ensino médio a partir de 2021.