O PIB nacional segue despencando. No primeiro trimestre de 2020 houve uma queda de 5,9% em relação ao mesmo período de 2019, o segundo trimestre apontou uma queda ainda maior, da ordem de 9,7%; os impactos econômicos só não foram maiores por conta dos ótimos resultados do agronegócio brasileiro, que conseguiu frear em partes tal queda. Ambas as taxas são as mais significativas desde o início da série, em 1996.
Não só a arrecadação do governo, através dos impostos, são impactados por essa forte queda, mas as empresas de um modo geral, tanto industriais como as de serviço, esta última a que mais sofreu, tiveram uma enorme queda de receita e com isso, a classe trabalhadora e produtiva brasileira foi fortemente assolada pela crise instaurada pelo Coronavírus.
A saída encontrada por diversos setores da economia, em busca de sobrevivência, foi a diminuição da jornada dos colaboradores e também a redução no quadro de funcionários. De acordo com os números divulgados pelo Ministério da Economia, com base nos dados obtidos pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 1,19 milhões de vagas de carteira assinada foram fechadas. Este número é o saldo do período, entre novos empregados e os que foram desligados, dessa forma, 7,9 milhões de desligamentos e 6,7 milhões de novas admissões, o que é, inclusive, parte da estratégia de empresas, para contratar as mesmas posições, com salários menores.
Toda essa movimentação tem ainda outro impacto importantíssimo, que é a redução do poder de compra dos brasileiros, consequentemente expandindo a crise para o setor de pequenos negociantes, autônomos e informais, onde muitos tiveram suas rendas cessadas e sequer possuem, assim como aqueles que trabalhavam no regime de CLT, quaisquer acessos a benefícios e direitos como FGTS e seguro desemprego.
Então se fez necessária a intervenção do Estado, que também não se encontrava em pleno vigor nas suas contas, dados os números dos últimos anos, mas que é o grande detentor de recursos dessa magnitude para salvaguardar a sobrevivência e o mínimo de dignidade do seu povo e ele o fez, através do Auxílio Emergencial, os R$600,00 distribuídos aos trabalhadores informais, a princípio por 3 meses, que cumprissem os requisitos mínimos para adesão ao programa e que de fato beneficiou um contingente de aproximadamente 34 milhões de brasileiros.
Como o auxílio teve que sair a toque de caixa, alguns cuidados foram deixados de lado propositalmente, visando não burocratizar demais o acesso; isso fez com que inúmeras fraudes e pagamentos indevidos fossem descobertos ao longo do tempo e ajustados para uma segunda fase, aprovada através de medida provisória, onde mais quatro pagamentos de R$300,00 serão disponibilizados, até o final do ano, conforme anunciado. Vale ressaltar, que ficou mantido o direito às mulheres chefes de família, que se trata do pagamento dobrado do benefício.
"A situação em que se encontra a maioria das pessoas que perderam seus empregos e suas fontes de renda é assustadora, muitos não têm o que colocar à mesa, resta ao Estado, desenvolver seu papel e dar alento a essa população, ele é o único que pode ajudar diante de uma crise deste tamanho", afirma José de Moura Teixeira Lopes Junior, empresário manauara, residente da cidade de São Paulo. Para Moura Junior, "o Estado precisa desinchar a máquina pública, aplicar melhor seus recursos e ajudar o povo a sair da miséria". Mourinha, como o empresário é conhecido, defende que agora é hora de o governo brasileiro mostrar seu poder, ajudando aqueles que precisam, atrair investimentos, caso contrário, ninguém poderá fazê-lo.
Obviamente que nem só o governo tem ajudado, notou-se novamente, em frente à crise imposta pela COVID-19, a grande solidariedade do povo brasileiro, que, através de várias ações coordenadas por grandes ou pequenos grupos, também através de iniciativas de empresas privadas, se mostrou mais uma vez capaz de ajudar e se solidarizar com o próximo e em muitos casos, dividir o pouco que tem dentro da própria casa.