04/08/2020 às 11h01min - Atualizada em 04/08/2020 às 11h01min

Pagamentos via WhatsApp podem aumentar casos de 'sequestro' de contas, diz especialista em TI

- 87 News
Sputnik News

Fazer e receber pagamentos pelo WhatsApp pode aumentar os riscos de segurança dos usuários, avalia especialista ouvido pela Sputnik Brasil.

Em junho, o WhatsApp já havia liberado a função de pagamento no Brasil, batizada de "Facebook Pay", mas a operação foi suspensa pelo Banco Central, que determinou que o serviço precisaria antes ser aprovado pelas autoridades locais. Nesta segunda-feira (3), o Banco Central afirmou que pretende finalizar os testes "o mais rápido possível, de modo a logo recepcionar os novos participantes no sistema de pagamentos, com a devida segurança quanto à saudável competição e à segurança de dados dos usuários".

Não foi divulgado nenhum prazo. 

Com mais de dois bilhões de usuários em todo o mundo, o WhatsApp escolheu o Brasil para estrear sua funcionalidade de pagamentos. Antes da suspensão da operação, as transações eram feitas por meio de cartão de débito e cada movimentação estava limitada a R$ 1 mil, com limite de 20 transações por dia e de R$ 5 mil por mês.

Fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, presta esclarecimentos à Comissão de Finanças do Congresso dos EUA sobre o projeto de sua moeda digital, em outubro de 2019

Fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, presta esclarecimentos à Comissão de Finanças do Congresso dos EUA sobre o projeto de sua moeda digital, em outubro de 2019

© AP PHOTO / SUSAN WALSH
Fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, presta esclarecimentos à Comissão de Finanças do Congresso dos EUA sobre o projeto de sua moeda digital, em outubro de 2019

Novos negócios, contudo, também significam novas oportunidades de golpe. Renato Marinho é chefe de pesquisa do Morphus Labs e professor da Universidade de Fortaleza e acredita que os pagamentos pelo aplicativo podem aumentar a prática de uma modalidade de golpe conhecida como "sequestro de WhatsApp", quando um invasor tem acesso ao WhatsApp da vítima.

Marinho diz que uma das práticas dos golpistas é pedir dinheiro aos contatos das vítimas.

"Semana passada, por exemplo, eu vi um tipo de golpe como esse em que o criminoso estava utilizando o pretexto da pandemia de COVID-19 e se passava por um suposto agente de saúde que estava querendo fazer algumas perguntas e orientações para a pessoa. E, no final, ele dizia que a pessoa iria receber um SMS com um código de seis dígitos para finalizar aquele atendimento. Só que, na verdade, aquele código era o código de liberação do WhatsApp que o criminoso já estava lá do outro lado sequestrando", diz Marinho à Sputnik Brasil.

Outra modalidade de golpe é o SIM swap, diz o pesquisador, quando os criminosos convencem a operadora de telefonia que são os verdadeiros titulares do número e conseguem acesso ao celular da vítima.

"Eu enxergo que na ponta do usuário já existem essas fragilidades hoje em dia e que, provavelmente, devem ser ampliados os riscos a partir do momento que tiver essas transações de dinheiro", afirma. 

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