Em junho, o WhatsApp já havia liberado a função de pagamento no Brasil, batizada de "Facebook Pay", mas a operação foi suspensa pelo Banco Central, que determinou que o serviço precisaria antes ser aprovado pelas autoridades locais. Nesta segunda-feira (3), o Banco Central afirmou que pretende finalizar os testes "o mais rápido possível, de modo a logo recepcionar os novos participantes no sistema de pagamentos, com a devida segurança quanto à saudável competição e à segurança de dados dos usuários".
Não foi divulgado nenhum prazo.
Com mais de dois bilhões de usuários em todo o mundo, o WhatsApp escolheu o Brasil para estrear sua funcionalidade de pagamentos. Antes da suspensão da operação, as transações eram feitas por meio de cartão de débito e cada movimentação estava limitada a R$ 1 mil, com limite de 20 transações por dia e de R$ 5 mil por mês.
Novos negócios, contudo, também significam novas oportunidades de golpe. Renato Marinho é chefe de pesquisa do Morphus Labs e professor da Universidade de Fortaleza e acredita que os pagamentos pelo aplicativo podem aumentar a prática de uma modalidade de golpe conhecida como "sequestro de WhatsApp", quando um invasor tem acesso ao WhatsApp da vítima.
Marinho diz que uma das práticas dos golpistas é pedir dinheiro aos contatos das vítimas.
"Semana passada, por exemplo, eu vi um tipo de golpe como esse em que o criminoso estava utilizando o pretexto da pandemia de COVID-19 e se passava por um suposto agente de saúde que estava querendo fazer algumas perguntas e orientações para a pessoa. E, no final, ele dizia que a pessoa iria receber um SMS com um código de seis dígitos para finalizar aquele atendimento. Só que, na verdade, aquele código era o código de liberação do WhatsApp que o criminoso já estava lá do outro lado sequestrando", diz Marinho à Sputnik Brasil.
Outra modalidade de golpe é o SIM swap, diz o pesquisador, quando os criminosos convencem a operadora de telefonia que são os verdadeiros titulares do número e conseguem acesso ao celular da vítima.
"Eu enxergo que na ponta do usuário já existem essas fragilidades hoje em dia e que, provavelmente, devem ser ampliados os riscos a partir do momento que tiver essas transações de dinheiro", afirma.