20/04/2020 às 18h23min - Atualizada em 20/04/2020 às 18h42min

Flexibilização de isolamento social requer responsabilidade dos cidadãos e programa sustentável do governo

Após 40 dias de isolamento social, os impactos econômicos têm se mostrado cada vez mais significativos, com a colaboração da sociedade e um Estado atuante, o isolamento vertical pode ser uma saída.

DINO
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José de Moura Teixeira Lopes Junior responde sobre isolamento vertical


Quais os resultados objetivos dos praticamente 40 dias de confinamento? Grande parte da população segue no aguardo de respostas, e elas não chegam. Enquanto isso, o cenário continua caótico, os números de leitos ocupados cada vez maiores - em regra, superiores a 65%, muito próximos do colapso iminente da rede pública de saúde. Manaus é o grande exemplo dessa situação, mas não o único. Em grande parte do país, há falta de equipamentos, insumos e uma busca desenfreada da comunidade médico-científica mundial pela curva ideal de cura ou vacina contra o vírus.

Essa, portanto, não é uma crise brasileira. O mundo inteiro busca as mesmas respostas, enquanto o vírus se impõe. Diante disso, o momento requer atitudes, providências, o que inclui assumir riscos, desde que previamente estudados, claro. O momento não é de omissão por parte das autoridades e sim de trabalho intenso e embasado na ciência e nas experiências já implantadas mundo afora.

A Casa Branca anunciou no último final de semana, de 18 e 19 de abril, seu plano de flexibilização do isolamento social. O protocolo foi dividido em três etapas, sendo que a primeira requer: decréscimo de registro de suspeitas e de casos efetivos de Covid-19 nos últimos 14 dias; o sistema de saúde esteja com capacidade de pronto atendimento de novos casos; programa estruturado de testagem, incluindo teste sobre anticorpos - capacidade de defesa orgânica dos pacientes testados.

Objetivamente, o Brasil não possui condições como as do governo norte-americano, de injetar 2 trilhões de dólares na economia, a fim de sustentá-la enquanto o vírus mantém o país sob isolamento. Com uma realidade bastante diversa, no Brasil o tempo se mostra vilão. Não se descarta a necessidade e os efeitos positivos do isolamento social. Por outro lado, é fato que a economia está paralisada, as desigualdades sociais acirradas e, com o vírus, também estamos diante de uma vulnerabilidade muito maior das populações mais carentes. Diante disso, há que se achar, a partir da ciência, com responsabilidade social e programa estruturado de governo, um caminho capaz de flexibilizar o isolamento pleno de forma segura.

Por que não repensar, como alternativa para o país, protocolos para o isolamento vertical progressivo, por etapas, como sinalizou a Casa Branca? Grande parte do povo brasileiro já entendeu a gravidade do vírus. Ao mesmo tempo, enfrentam a gravidade da redução de salários, do desemprego - ou com certeza a perspectiva de perder sua vaga de trabalho, o fim dos seus pequenos negócios. O momento de incerteza, de falta de perspectiva, exige medidas para tirar o povo dessa inércia.

Enquanto a ciência se movimenta, a sociedade se mobiliza juntamente com o empresariado em socorro à população carente; o governo precisa estruturar seus meios de fiscalização que mantenham estruturas de isolamento vertical. De acordo com o empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior, sim, esse modelo pode funcionar a ajudar no resgate da economia, desde que muito bem estruturado e sob limites rígidos. Para Mourinha, como o empresário é conhecido, há que se implantar critérios muito rigorosos para que parte dos estabelecimentos voltem à atividade, como normas de distanciamento, higiene, uso de EPIs adequados e principalmente comprometimento dos empresários e colaboradores.

Mourinha acredita que "o isolamento vertical poderia ser a resposta ao que milhões de brasileiros anseiam: uma retomada gradativa e controlada da atividade econômica, isolando-se grupos de risco e propondo uma união nacional para minimizarmos os efeitos da crise, evitarmos a fome e o agravamento social". Em paralelo, diz, uma forte estruturação do sistema público de saúde, cujo colapso é o perigo maior a se evitar.

A ameaça de uma desobediência às regras impostas pelo isolamento horizontal, que se vem mostrando de forma gradativa e tende a crescer diante da necessidade de sobrevivência, certamente será um golpe sobre o sistema de saúde, mais grave do que a reclusão apenas de grupos de riscos e atividades com alta aglomeração de pessoas. Já são corriqueiras as notícias de estabelecimentos funcionando às escondidas, atendendo a freguesia à meia porta, sem contar a aglomeração nas lotéricas, bancos e, em um exemplo que repercutiu por todo o Brasil na última semana: a "feira do rolo", tradicional na Praça da Sé, em São Paulo, voltou a aglomerar dezenas de pessoas no marco zero da capital paulista.

"As intervenções para uma migração ao isolamento seletivo devem ter precisão cirúrgica. Caso contrário, em breve, não contabilizaremos apenas as vítimas do COVID-19, somaremos a essas estatísticas as perdas, muitas irreversíveis, no campo econômico e no agravamento da desigualdade social", prevê Moura Jr.

O defensivo não pode se tornar definitivo, tampouco se mostrar como única opção. Chegou o momento de usar te todos os recursos disponíveis para chegar à justa medida necessária ao combate dos males que se apresentam diante de nós, sem impor às pessoas, como única alternativa, o isolamento social. As vulnerabilidades que temos são conhecidas. De igual forma, os meios para combatê-las. É chegado o momento de romper a inércia e mostrar que o Estado pode se impor pela ação de medidas defensivas e, ao mesmo tempo, propositivas.

Por: Glenner Shibata



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