Desde a eleição de Jair Bolsonaro para presidente, uma dos promessas de campanha mais comentadas em todo lugar é a privatização dos Correios. Existe um otimismo muito grande com essa possibilidade, tanto do público consumidor quanto do e-commerce, mas há uma pergunta importante que devemos fazer: esse otimismo todo é mesmo justificado?
Isso porque, ultimamente, as discussões sobre a privatização dos Correios têm tomado um rumo quase que “mágico”: as pessoas olham para o céu com os olhos emocionados e esperançosos, como se privatizar a empresa de entregas e correspondências fosse resolver todos os problemas logísticos do país, porque os Correios seriam o símbolo de toda a corrupção e mal uso do dinheiro estatal.
Logicamente, a história não é assim tão simples: o problema da logística brasileira não será resolvido de forma tão rápida, e nem toda a culpa dessa problema é exatamente da empresa. Por isso, o Canaltech conversou com funcionários dos Correios, economistas e representantes da área de e-commerce para compreender melhor a posição em que os Correios se encontram hoje, quais os desafios existentes para sua privatização e como esse processo deverá afetar lojistas e consumidores que necessitam enviar e receber suas mercadorias.
Quando os Correios serão privatizados?
Essa é a pergunta que não quer calar. Apesar de alguns defensores da privatização — inclusive dentro do próprio governo — falarem como se isso pudesse acontecer da noite para o dia, a verdade é que não há uma data para quando essa privatização realmente ocorra.
Isso acontece porque privatizar uma empresa não é igual a vender um produto usado em algum grupo do WhatsApp, onde você só precisa avisar as pessoas que tem interesse em vender seu produto e estabelecer um preço. Por se tratar de uma empresa pública, e não de uma propriedade privada, o processo de venda e transição é um bem mais complicado.
Primeiro, é preciso efetuar estudos sobre se a privatização realmente será algo vantajoso para todas as partes. Isso quer dizer que, antes de colocar a empresa à venda, é preciso provar: A) que tirá-la das mãos do governo e passá-la para a iniciativa privada fará com que ela opere de maneira mais saudável; B) que haverá redução dos gastos do governo para aquele setor; e C) que o serviço oferecido para a população seja de qualidade igual ou superior.
Atualmente, é nesta fase de estudos que se encontra o processo de privatização, e por enquanto ainda não existe uma data para a divulgação das conclusões. Assim, como não existe um prazo combinado para que isso seja concluído, não é honesto ficar falando que a privatização está “demorando demais” para sair, já que em nenhum momento foi definido uma data limite, o vulgo "deadline".