O coordenador Técnico de Informações da Cidade do IPP, Felipe Mandarino, disse à Agência Brasil que a plataforma ImagineRio é bem desenvolvida pela Rice University com alguns parceiros, mas como focaram muito na cartografia dos séculos 16, 17, 18 e 19, se ressentem de informações mais contemporâneas, do século 20. “Eles focaram mais em cartografias mais antigas e não investiram tanto tempo nem tanto esforço, ou também não encontraram essas informações do século passado, do século 20”.
O IPP tem um acervo bastante grande de mapas, fotos aéreas, plantas cadastrais do século 20. Os documentos anteriores já foram trabalhados com a universidade americana ou se encontram no Arquivo Geral da Cidade e na Biblioteca Nacional, disse Mandarino.
“É do nosso interesse, e deles também, trabalhar em cima desse acervo e torná-lo mais acessível. A gente está falando de produtos que têm ainda em papel, alguns pelo menos digitalizados. Mas o caminho que o dado cartográfico faz para entrar na ImagineRio é muito completo e nos interessa”, destacou o coordenador.
O caminho passa pela digitalização do mapa em papel. Em seguida, é preciso georreferenciar com cópia, ou seja, transformar em uma imagem com pontos em comum que permitem reconhecer a cidade e colocar o mapa no espaço de forma correta. O último passo é o da vetorização, que significa desenhar o que está no mapa em cima de dados já digitais, como se trabalha hoje na Prefeitura do Rio de Janeiro.
A ideia, segundo Felipe Mandarino, é transformar essa cartografia antiga, por meio desse processo de digitalizar, georreferenciar e vetorizar e deixá-la mais fácil de usar e disponível. “Além de o IPP poder fazer o caminho complexo e completo com os mapas do século 20, que a Rice University fez com os mapas mais antigos, a gente também passa a ter acesso a esse acervo no qual eles trabalharam, dos séculos anteriores“.
O acordo permitirá, pela primeira vez, colocar camadas temáticas nos mapas. “Não é só aquela informação da cartografia básica, mas terá informações temáticas. Eles estão propondo trabalhar com dados do período da escravidão, recuperar essa história para o mapa. Há coisas recuperadas, mas não georreferenciadas”, explicou Mandarino. Foram conversados também o uso e cobertura do solo do município do Rio de Janeiro e seu entorno.
O planejamento prevê ainda a elaboração de um buscador de endereços do passado. “Ou seja, em cima dessa cartografia, a gente recuperar o que tem de endereços, ruas e números, porque alguns endereços permanecem, outros não. Eles vão fazer isso e a gente vai contribuir”.
O curso de história da Rice University sempre teve interesse pelo Brasil e o fato de o Rio de Janeiro ter sido capital do país fortaleceu a iniciativa da plataforma ImagineRio, disse o coordenador. Criado pelos professores Alida Metcalf e Farès el-Dahdah, em colaboração com o Laboratório de Estudos Espaciais do Center for Research Computing da Universidade Rice e com o apoio do Instituto Moreira Salles, o site é composto por fotos, mapas e plantas cadastrais localizadas tanto no tempo, quanto no espaço. Dessa forma, ao acessar o site, o usuário pode “passear” através de uma linha do tempo e conhecer o passado de cada canto da cidade do Rio de Janeiro desde sua fundação.
A colaboração com o IPP dará início à quarta versão da plataforma.