Os jabutis tinga tinham sido extintos há mais de 200 anos no Rio de Janeiro e voltaram a ser reintroduzidos no parque em 2020. De lá para cá, 50 animais foram soltos pelo Projeto Refauna na floresta para procriação da espécie.
Querino acredita que, com a ajuda dos visitantes, a missão de resgate dos jabutis que tiveram a comunicação interrompida com os pesquisadores pode ter mais sucesso. Segundo o coordenador, o objetivo da campanha é que os visitantes saibam que podem ajudar.
“Ao fazer seus passeios no parque, se encontrarem algum desses jabutis que estão desaparecidos, que eles saibam que podem procurar a sede do parque porque um funcionário vai lá resgatar esse bicho, para que a gente possa pegar ele, colocar em um cercado, para fazer a troca do rádio, quando possível”.
A orientação dada ao público é que, se encontrar algum jabuti, tire uma foto do animal, para que se tenha noção das condições em que ele se encontra, e do local também onde ele está, para facilitar a identificação e seu resgate posterior. Se for possível, deve-se pedir que alguém olhe o jabuti enquanto outra pessoa procura um funcionário do parque. Recomenda-se não tocar no animal até o resgate chegar. Em seguida, deve-se entrar em contato com o Projeto Refauna pelas redes sociais, principalmente o Instagram @refauna, para avisar da descoberta e mandar fotos do animal e do local onde ele foi encontrado.
De acordo com o biólogo, ainda não há registro de nascimento de jabutis no Parque Nacional da Tijuca. “Quando esses bichos nascem, eles ficam de dois a três anos escondidos porque, além de muito pequenos, eles ainda são muito moles. Uma estratégia deles de sobrevivência é se esconder”.
Já foi encontrado, porém, um ninho com oito ovos, além de alguns outros ovos pela floresta, mas nenhum deles eclodiu.
O Refauna é uma iniciativa que busca restaurar a fauna e as interações ecológicas da Mata Atlântica. Ele reúne pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LECP-UFRJ), do Laboratório de Ecologia e Conservação de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (LECF-UFRRJ) e do Laboratório de Ecologia e Manejo de Animais Silvestres do Instituto Federal do Rio de Janeiro (LEMAS-IFRJ).
O projeto conta com a parceria do Parque Nacional da Tijuca, do Instituto Conhecer para Conservar/RioZoo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A reinserção dos jabutis tinga na natureza foi uma prática inédita no país.
Além de ser a casa para onde esses animais são trazidos de volta, o Parque Nacional da Tijuca é também onde o Refauna foi idealizado. A servidora aposentada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Ivandy Castro notou a ausência de cutias no parque, espécie encontrada em outras unidades de conservação que são importantes dispersoras de frutos. Diante disso, em 2008, ela sugeriu a sua reintrodução da espécie. Servidores e pesquisadores do parque também ajudam o projeto com equipamentos, materiais, auxílio nas atividades de campo e transporte dos animais.