Suspensa por dois anos por causa da pandemia de covid-19, a tradicional confecção de tapetes de Corpus Christi voltou ao centro do Rio de Janeiro. Vários grupos católicos se juntaram desde cedo na entrada da Catedral Metropolitana de São Sebastião e em uma parte da via para produzir as peças que são feitas com areia, sal grosso colorido, borra de café e serragem, entre outros materiais.
Jonathan Elias Araújo, de 22 anos, estudante do curso de corretor de seguros, é integrante do movimento mundial Equipes de Jovens de Nossa Senhora (EJNS), que no Brasil reúne mais de mil jovens e têm 150 integrantes na capital fluminense.
Para ele, foi uma alegria imensa poder retornar à tradição "tão rica e tão forte” da Igreja Católica, da qual já tinha participado em anos que antecederam a pandemia. “A gente volta com fervor, alegria e felicidade tamanha”, disse à Agência Brasil.
"A gente fez um tapete representando o movimento e nada mais era do que uma linda imagem de Nossa Senhora, com a logo do nosso movimento. Fizemos uma arte belíssima com enfeites para Nossa Senhora, mostrando a representatividade do nosso movimento que é mariano”, descreveu.
Jonathan disse que a celebração de Corpus Christi pode ser explicada com uma palavra: alegria. “Na festividade, a gente celebra o corpo de Cristo não só por nós mesmos, mas celebra em comunidade. É muito lindo ter a tradição dos tapetes de Corpus Christi, porque a gente se reúne, se prepara, oferece o nosso tempo até grande porque chega na Catedral às 5h e fica até meio dia fazendo os tapetes. É uma entrega total. É um momento único”, contou.
No terceiro ano em que participa da produção de tapetes, o grupo de dez pessoas que tinha à frente a assistente social Tania Maria Ramos Costa do Nascimento, da Coordenação Executiva da Pastoral Povo da Rua, confeccionou dois tapetes: um com o logo do Vicariato da Caridade Social e outro da própria Pastoral.
“Tínhamos os voluntários que nos ajudam, o pessoal da Toca de Assis [fraternidade católica] e três moradores em situação de rua. Os desenhos foram para dar visibilidade ao trabalho que se realiza e o símbolo mesmo da Pastoral, que são os pés que andam livres para construir um novo mundo”, contou Tânia à Agência Brasil.
Para Tania Maria, a tradição de fazer os tapetes representou o retorno das ruas, da união e de uma simbologia rara que é a festa de Corpus Christi.
“A partir do tapete se representa a união entre as pessoas, o momento de confraternização, de celebrar a vida, como foi hoje. Mesmo que a gente ainda esteja em um período de pandemia é a vida em primeiro lugar. Cada pessoa que faz parte do trabalho tem a questão de que estar ali é uma celebração de vida, de renovação de fé, de abraço, de encontro”.
As celebrações de Corpus Christi nesta quinta-feira no Rio de Janeiro começaram com uma adoração, seguida de bênção à cidade, no alto do Corcovado, feita pelo padre Omar, reitor do Santuário Cristo Redentor.
Às 10h, o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal dom Orani João Tempesta, presidiu a missa na Igreja de Sant’Ana, no centro.
A procissão partindo da Igreja da Candelária, também no centro, em direção à Catedral Metropolitana, ocorreu às 16h. O encerramento da programação é com uma missa no local, celebrada por dom Orani.
*Com colaboração do fotógrafo Fernando Frazão