As mulheres já ocupam 20% das posições de proprietárias ou sócias de diferentes empreendimentos da agropecuária brasileira, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). Na avicultura, um dos principais mercados deste setor, elas são referência em produções mais inovadoras e sustentáveis. Luciana Dalmagro, produtora de aves de corte no interior de São Paulo, e Simoni Tessaro, proprietária de um aviário de postura, em Serranópolis do Iguaçu (PR), são dois exemplos, que foram vencedoras nas categorias grande e pequena propriedade, respectivamente, da 3ª edição do Prêmio Mulheres do Agro em 2020.
A produtividade alcançada por ambas, sempre aliada a boas práticas de sustentabilidade e inovação, teve grande salto nos últimos anos. Luciana, por exemplo, entrega 500 mil aves por ciclo para a grande indústria, totalizando 3 milhões por ano. Estes números, hoje, a consolidam como uma das maiores produtoras de aves do país. Tessaro, por sua vez, viu sua quantidade de aves saltar de 5 mil para 25 mil desde que iniciou na prática em 2003.
Produções sustentáveis e inovadoras
O Prêmio Mulheres do Agro é uma iniciativa idealizada pela Bayer, em parceria com a ABAG, destinada às mulheres que se destacam à frente da gestão de propriedades agrícolas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, e tem o objetivo de valorizar a atuação feminina no agro. Dalmagro, por exemplo, se destacou pelo uso de soluções inovadoras com forte apelo para a sustentabilidade. “Nós preservamos o recurso hídrico por meio de captação e reuso da água da chuva, geração de energia elétrica a partir de placas fotovoltaicas e, por fim, uma destinação correta dos resíduos”, conta a produtora.
Já para o aviário de Simoni, a busca por alternativas mais sustentáveis e econômicas para gerir sua fazenda também trouxe diversos benefícios. A produtora conta que, após investir em um poço artesiano, o retorno foi rapidamente notado, uma vez que seus custos mensais com a água diminuíram em mais da metade. A qualidade dos ovos também aumentou, em decorrência da melhora no pH da água. “Para as galinhas é ideal que o pH esteja entre 6 e 8, mas, com o poço que eu tinha antes, ele chegava a 10. Hoje tem 7,5 e isso causa uma melhora no intestino delas, ocasionando em ovos mais saudáveis”, diz a avicultora.
Avanços da avicultura
Toda a alta na produção de frangos e ovos de Simoni e Luciana está diretamente ligada aos avanços recentes da avicultura – prática agropecuária dedicada a criação de aves para a produção de carnes e ovos. O Brasil, atualmente, é o terceiro maior produtor de carne de frango do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China, de acordo com o Ministério de Agricultura.
O consumo de ovos, por sua vez, também teve grande destaque no país e uma alta considerável nos últimos anos: cresceu 8,5% em relação a 2019 e 167% ante a duas décadas atrás. de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para celebrar estas e outras conquistas, anualmente, no dia 28 de agosto, é comemorado o dia da avicultura.
Ao redor do país há centenas de produtores e produtoras de frangos e ovos que sentiram o aumento na demanda com o passar dos últimos anos, o que tem feito crescer, também, a importância econômica da atividade para o Brasil. Um dos motivos que elevou o aumento do consumo de ovos, segundo Simoni, está relacionado ao surgimento de pesquisas que comprovam os benefícios do consumo do alimento, e, com isso, ele “deixou de ocupar o papel do vilão da alimentação para ser o protagonista do prato de milhares de brasileiros”.
Já de acordo com Luciana Dalmagro, além da alta de demandas por frangos de corte tanto para dentro quanto para fora do País, as mudanças notadas ao longo dos anos estão ligadas a implementação de boas práticas e de soluções tecnológicas. “Um dos aspectos que mais sofreu mudanças positivas foi a questão do bem-estar animal que, atualmente, é bastante levado a sério por todos os proprietários de granjas ao redor do Brasil, não é somente uma bandeira”, finaliza a produtora.