A luta contra a Covid-19 acelerou o desenvolvimento de equipamentos e novas técnicas para salvar vidas, ajudar na recuperação de pacientes e garantir o bem-estar das pessoas no futuro. Após as mudanças estruturais que o mundo deve enfrentar com essa experiência sem precedentes, muitas dessas inovações serão o “novo normal” para a população. Métodos não invasivos de respiração mecânica, como é o caso da BRIC – Bolha de Respiração Individual Controlada, primeiro produto tipo capacete nacional a ter aprovação da Anvisa, vêm ajudando médicos e profissionais da saúde a evitar a intubação.
A ventilação mecânica pode ser a única esperança de sobrevivência em casos graves de covid-19, mas dados de pesquisadores da USP e da Fiocruz revelam que quase 80% dos doentes intubados por coronavírus no Brasil entre fevereiro a dezembro de 2020 morreram. Já o projeto "UTIs Brasileiras" da Amib - Associação de Medicina Intensiva Brasileira, em parceria com a empresa Epimed, traz o balanço de 98 mil internações desde 1º de março de 2020, e dos 46,3% que precisaram de ventilação mecânica nas UTIs em um ano, 66,3% vieram a óbito. Na mesma pesquisa, a mortalidade cai para 9%, que são aqueles que não precisaram do tratamento invasivo.
A chance de incorporar as melhores práticas e políticas que são de fato eficientes pode evitar a alta mortalidade em UTIs no Brasil. A bolha de respiração está presente em mais de 100 hospitais em 15 estados e já foi utilizada em mais de 4.000 pacientes internados e apresentando bons resultados. “A BRIC tem sido uma aliada muito importante, pois, serve de interface entre o paciente e o ventilador mecânico, ajuda a reduzir a inflamação pulmonar, melhora a oxigenação, previne a intubação e evita a ventilação mecânica invasiva”, afirma o engenheiro Guilherme Thiago de Souza, diretor-geral da Life Tech Engenharia Hospitalar, empresa que desenvolveu 100% no Brasil o produto.
Com os recursos da engenharia, o capacete de ventilação foi criado com base na teoria da ventilação não invasiva e o conceito de helmet, que existe desde a década de 80, mas que não estava disponível no Brasil. Equipamento similar era validado fora do país e já vinha sendo utilizado na Europa e nos Estados Unidos como um aliado no combate ao coronavírus. Por ser uma técnica menos invasiva com baixo custo de produção, a Life Tech Engenharia Hospitalar passou a desenvolver e produzir o dispositivo em solo nacional. O primeiro protótipo ficou pronto em 40 dias desde sua criação.
“Conseguimos trazer uma solução de excelência mundial a um nível nacional e acessível às pessoas. O impacto foi extremamente positivo por ser um tratamento pela baixa invasividade e por não afetar tanto o paciente. Por ser compatível com um paciente acordado e reagindo e pelo curto espaço de tempo de resposta, o produto trouxe novas perspectivas para a área da pneumologia no Brasil”, finaliza o engenheiro.
Desinfecção de ambientes – Outro equipamento usa biodesinfetantes no ar ou superfícies que eliminam microrganismos e vem ajudando os serviços essenciais a cumprir os protocolos sanitários no segmento da desinfecção. A empresa DeVant Care, especializada em soluções automatizadas de biodesinfecção para a área hospitalar, disponibiliza o aparelho móvel Nocotech, que borrifa no ar uma solução de peróxido de hidrogênio com íons de prata por vapor seco. A máquina pode ser utilizada em locais variados, como uma casa até estações de metrô, rodoviárias, escolas, hotéis, hospitais e indústrias.
Na área hospitalar, a desinfecção se tornou mais do que essencial para garantir a segurança e a saúde dos profissionais, pacientes e visitantes, além de contribuir para prevenção e controle de infecção hospitalar. De acordo com Ivam Cavalcante Pereira Jr., Diretor-Executivo da Devant Care, a vaporização a seco resulta na queda das taxas de contaminação no ambiente hospitalar e pode auxiliar a salvar mais de 100 mil vidas por ano. “Opções automatizadas, validadas e eficazes têm se demonstrado extremamente superiores a outras soluções desinfetantes no combate a microrganismos, redução do risco de contaminação e infecção e na desinfecção de ambientes, superfícies e artigos nestes locais”. Segundo o DATASUS, o custo das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) é de R$ 1,6 bilhão por ano no País. O Brasil tinha, em 2018, cerca de 6 mil hospitais, o que significa que o custo de cada IRAS por hospital é de R$ 267 mil.
“É de extrema importância reforçar o combate à Covid-19, mas a solução não é algo que deve ser pensado somente para o combate ao coronavírus. Mas como um aliado na prevenção de novas doenças e pandemias”, avalia o executivo da Devant Care.