Santa Catarina começa, a partir dessa semana, a executar um cronograma de ações para intensificar a vigilância e a vacinação contra a febre amarela. O objetivo é acompanhar a circulação do vírus pelo estado, a partir das notificações das epizootias (morte de macacos), bem como realizar busca ativa de pessoas não vacinadas, antes do período de maior incidência da doença, que ocorre de dezembro a maio. Ações que já são desenvolvidas rotineiramente pelo Estado, mas que agora, fazem parte do “Plano de Ação de Enfrentamento da Febre Amarela” enviado aos municípios.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a medida é preventiva e busca sensibilizar as equipes municipais de vigilância epidemiológica e atenção primária a saúde. “A proposta é intensificar as ações nos próximos meses, mapeando com as equipes municipais as pessoas que ainda não foram vacinadas para febre amarela e locais com a ocorrência de morte ou adoecimento de macacos”, explica Helton de Souza Zeferino, secretário de Estado da Saúde.
Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema de dose única da vacina, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). “O Estado já é área de recomendação para vacinação desde o segundo semestre do ano passado. Mas ainda assim, a cobertura está abaixo da meta. O ideal é que 95% do público-alvo seja imunizado. Atualmente, Santa Catarina vacinou apenas 75% dessas pessoas”, explica Lia Quaresma Coimbra, gerente de Imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC), da SES.
Foto: Robson Valverde
João Fuck, gerente de Zoonoses da DIVE/SC, explica que o vírus se desloca rapidamente e por isso, a importância da ação. “O vírus já circula em Santa Catarina. Por meio de estudos, podemos estimar que a velocidade de deslocamento pelos corredores ecológicos, é de três quilômetros por dia. Pelos casos humanos e epizootias confirmadas pela doença, o vírus já está na região Norte e Vale do Itajaí, com possibilidade de expansão para a região Sul”, explica.
Os macacos sinalizam a circulação do vírus. Eles vivem no mesmo ambiente que o mosquito transmissor da febre amarela e são os primeiros a ficar doente. A morte ou o adoecimento dos primatas é um alerta para os gestores e profissionais de saúde adotarem medidas de prevenção, uma vez que a doença nestes animais precede os casos humanos. “Por isso, queremos aumentar a sensibilização para a notificação. Quando um macaco doente ou morto for encontrado é importante que a população comunique a Secretaria Municipal de Saúde o quanto antes, para que as ações sejam desencadeadas e novos casos em humanos sejam evitados”, afirma Maria Teresa Agostini, diretora da DIVE/SC.
Plano de Ação de Enfrentamento da Febre Amarela
O cronograma das atividades para intensificação das ações foi encaminhado e explicado para os municípios em uma videoconferência realizada ontem (29). O Plano de Ação de Enfrentamento da Febre Amarela é dividido em três partes: Vigilância de Epizootias, Imunização e Vigilância de Casos Humanos. As atividades de intensificação seguem até o final de novembro, envolvendo visitas dos agentes comunitários de saúde e agentes de combate as endemias para conhecimento da realidade e direcionamento das ações.
- Vigilância de Epizootias: identificar áreas com registro de mortes de macacos e intensificar a vacinação nesses locais. Além de sensibilizar a população para a importância da notificação de macacos mortos ou doentes.
- Imunização: identificar áreas com pessoas não vacinadas, bem como imediatamente após a notificação da epizootia, delimitar o raio de 300 metros para imunização das pessoas não vacinadas. Realizar ações de educação com a população. No dia 19 de outubro, acontece o Dia D, da Campanha de Multivacinação, e o enfoque será febre amarela.
- Vigilância de Casos Humanos: notificar, realizar a investigação clínica e ambiental e coletar amostras para diagnóstico. Sensibilizar profissionais de saúde sobre a suspeita e manejo clínico de febre amarela.
Foto: Robson Valverde
Febre Amarela em SC
Até o momento, o Estado já registrou duas mortes por conta da doença. A primeira foi no dia 28 de março deste ano, um homem de 36 anos, da localidade de Pirabeiraba, em Joinville, sem registro de vacina no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), e a outra, registrada no final de junho, um homem de 40 anos, residente de Itaiópolis, também no Norte do Estado e sem registro de vacina.
Além disso, Santa Catarina já tem o registro de cinco mortes de macacos por febre amarela, localizados nos seguintes municípios: Garuva (1), Indaial (1), Jaraguá do Sul (1) e Joinville (2).
A vacina é a melhor forma de prevenção à febre amarela. Por isso, todos os moradores de Santa Catarina com mais de nove meses devem se imunizar. A dose está disponível nas mais de mil salas de vacina do Estado.