28/01/2021 às 12h44min - Atualizada em 28/01/2021 às 12h44min

Resultados de pesquisa sobre os aquíferos Guarani e Serra Geral auxiliam na tomada de decisões da gestão das águas catarinenses

- 87 News
Governo de SC
Cachoeira em paredão de arenitos (Aquífero Guarani) coberto por dois derrames vulcânicos de basalto (Aquífero Serra Geral) no Planalto de SC. Foto: Divulgação/ Zeca Pires
Estruturação, vulnerabilidade natural e risco à contaminação do Sistema Integrado Guarani/Serra Geral (SAIG/SG) em Santa Catarina. Esses são os temas de três mapas que compõem um relatório produzido por pesquisadores do Projeto Rede Guarani/Serra Geral (RGSG), voltado para auxiliar gestores públicos e cidadãos na gestão dos dois aquíferos mais importantes em território catarinense.

“O relatório situa onde está essa água subterrânea em cada bacia hidrográfica e qual a chance que temos em utilizá-la de modo sustentável”, explicou o geólogo Luiz Fernando Scheibe, coordenador da rede.

Criada em meados dos anos 2000 com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE), a RGSG é formada por cientistas, pesquisadores, educadores ambientais e juristas de diversas instituições (veja a lista abaixo). Seu objetivo principal é gerar conhecimento técnico e científico visando a proteção e o uso adequado dos aquíferos. A rede contou com o financiamento da Agência Nacional de Águas (ANA), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Caixa Econômica Federal e da Fapesc. Também houve recursos de uma emenda coletiva da Bancada Parlamentar Catarinense em Brasília. 

A nota técnica, disponibilizada no fim do ano passado, inclui três mapas e suas bases cartográficas digitais. Os estudos desta etapa foram iniciados em 2016, sob a coordenação de Arthur Nanni, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador do Núcleo de Estudos em Permacultura. É um dos 17 produtos gerados pela rede, entre livros, artigos científicos, vídeos, dissertações, teses e ações de educação ambiental, acessíveis no site do projeto

Todas as informações, assim como os links de acesso à nota técnica e às bases cartográficas digitais, estão disponíveis nas páginas do Laboratórios de Análise Ambiental e do Laboratório de Hidrogeologia, ambos da UFSC. Há, inclusive, recortes para serem usados nas bacias hidrográficas, de acordo com as áreas de atuação de cada comitê atuante na região.

O professor Amauri Bogo, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação e presidente em exercício da Fapesc, ressaltou a importância da pesquisa. “A gestão sustentável das águas é fundamental para o presente e para o futuro. Com o apoio da Fapesc, o Projeto Rede Guarani/Serra Geral vem fazendo um trabalho exemplar de pesquisa, levantando informações e dados cruciais e promovendo análises para nortear a tomada de decisões sobre a gestão desse recurso. Cabe ao governo e à sociedade utilizar esse conhecimento gerado da melhor forma possível”, declarou.


Pesquisadores nas atividades de levantamento de informações em campo. Foto: Divulgação

Um patrimônio subterrâneo

Uma gestão adequada das atividades da superfície pode garantir a preservação das Águas Subterrâneas, um patrimônio catarinense. O Guarani se tornou sinônimo de aquífero para pessoas leigas, mas sobre ele está outro aquífero igualmente importante, o Serra Geral, que, por estar mais próximo da superfície, é usado mais intensamente. Ambos estão sob vastas porções dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil, incluindo Santa Catarina. “Podemos dizer que são aquíferos irmãos, pois operam juntos e abastecem cerca de 80% da população das cidades catarinenses que estão sobre eles, numa região que movimenta 34% da economia do Estado”, explicou Nanni.   

Abrangência do SAIG/SG na América do Sul e em Santa Catarina

A pesquisa compreendeu a área de abrangência do SAIG/SG em Santa Catarina, de 48.320 km². Toda essa água que está embaixo da superfície, que apresenta idades entre 30 mil a 800 mil anos, é um recurso apenas parcialmente renovável. “Só vamos puxar esta água uma vez. Pode ser que as companhias, as indústrias e as cidades estejam se desenvolvendo hoje usando esta água, mas há um limite”, informou Nanni.

Luiz Fernando Scheibe, professor titular emérito voluntário da UFSC e atual coordenador do Projeto RGSG, ressalta a importância de conhecer o ciclo hidrológico para fazer a gestão desse patrimônio. “A principal fonte de abastecimento é a água da chuva, que pode ser usada imediatamente. Mas, quando cai sobre o terreno, existem três possibilidades: pode evaporar, escorrer para os rios, o que é muito rápido, ou infiltrar no solo. Ao infiltrar, ela pode recarregar os aquíferos”, disse. As nascentes dos rios, por sua vez, são recarregadas pelos aquíferos, garantindo sua continuidade durante as estiagens.  

Gestão Integrada, integradora e inclusiva

O relatório poderá ser usado pelos gestores públicos e cidadãos para preservar essa última fronteira. “Esses mapas permitem, por exemplo, que a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável trace estratégias de tomadas de decisão. Permite que as secretarias municipais de Meio Ambiente, nos seus processos de licenciamento, possam verificar como foi a metodologia adotada para fazer a avaliação dessa vulnerabilidade e dizer se determinado empreendimento pode ou não ser licenciado, considerando áreas mais ou menos vulneráveis”, explicou Nanni.

“Uma gestão integrada e consciente do uso das águas subterrâneas, este é o objetivo da SDE/SEMA em conjunto com a Fapesc, universidades e demais entidades parceiras. A água é nossa vital fonte de sobrevivência e é preciso fazer esta gestão compartilhada de forma muito responsável, principalmente se tratando destas importantes fontes que são os aquíferos e observando suas limitações de renovação e de uso sustentável”, avaliou o Secretário da SDE e Secretário Executivo do Meio Ambiente (SEMA), Celso Albuquerque.

As instituições da rede

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Universidade Regional de Blumenau (Furb), Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) e Universidade do Contestado (UnC). Essas instituições receberam recursos de equipamento e material permanente por meio do Projeto REDE GUARANI-SERRA GERAL: SC-ICI (Infra-Estrutura, Capacitação e Intervenção), com termo celebrado entre a ANA e a Fapesc, com intermediação da Caixa Econômica Federal.

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