A pandemia alterou o calendário de congressos e feiras presenciais em todo o mundo, mas após um semestre de muita preocupação e incertezas, as Sociedades vêm retomando as discussões científicas com o intuito de promover o debate na comunidade médica e mostrar novas técnicas e protocolos de tratamentos dermatológicos.
A dermatologista Valéria Campos, especialista em laser pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), deu uma aula sobre tratamentos cosmiátricos, durante o 13º Simpósio de Cosmiatria e Laser que aconteceu nos dias 24 e 25 de outubro. A médica antecipou quais as principais novidades tecnológicas que estão por vir e vão mudar algumas abordagens que são utilizadas atualmente.
1. CONGELAMENTO DE GORDURA INJETÁVEL: De acordo com a especialista "dermatologistas de Harvard já descobriram como superar os efeitos de erradicação de gordura por meio da criolipólise. E já é possível afirmar que o resfriamento em determinadas temperaturas pode destruir as células de gordura sem prejudicar os tecidos ao redor da aplicação. A técnica por congelamento define o contorno corporal e os resultados são interessantes", explica.
As primeiras constatações foram publicadas na Plastic and Reconstructive Surgery, em abril de 2020, e mostraram redução de 55% na camada de gordura após tratamento único e aumento local de colágeno. As vantagens em relação a crioterapia atual é: rapidez, possibilidade de destruir gordura mais profunda, custo, ausência de lesão em estruturas adjacentes e nenhum caso de aumento paradoxal da gordura como pode acontecer com a criolipólise.
2. LIFITING FACIAL POR AGULHAMENTO: outra técnica é o lifting facial por agulhamento. Um novo dispositivo mostrou remover fisicamente de 5 a 8,5% da pele durante o tratamento, promovendo firmeza e suavizando as rugas. "Tudo sem cirurgia e apesar de a ideia ter sido inspirada no laser fracionado, nenhuma energia é aplicada à pele, tudo acontece pela perfuração de centenas de pequenos cilindros de tecido usando agulhas calibre 22 que agem quase como uma máquina de costura. É essa ausência de calor que dá ao lifiting facial não cirúrgico seus poderes únicos", ressalta a médica.
"Com o "resurfacing" ablativo fracionado a laser, vemos um certo lifting da pele, mas não tanto quanto gostaríamos", acrescenta. Teoricamente a razão para isso é que o laser causa aquecimento e coagulação ao redor dos canais que ele cria na pele, o que os impede de fechar - e limita o possível tratamento da flacidez. Durante a cicatrização, esses canais vaporizados se preenchem com nova pele e colágeno, para ajudar com a textura e as rugas. Outros grandes diferenciais são: o tratamento não deixa cicatrizes e ainda remove o tecido.
O procedimento de retirada de tecido por agulhamento leva menos de 30 minutos e incorre em apenas alguns dias de inatividade, principalmente para vermelhidão e inchaço. A empresa realizou vários estudos e os resultados serão submetidos ao FDA para aprovação do dispositivo previsto para ser lançado ainda em 2020.
3. CRIOMODULAÇÃO: a criomodulação surge com um novo sistema de resfriamento dérmico controlado e preciso para clarear as manchas solares, sem tempo de inatividade e menor risco de hiperpigmentação. "A ideia de tratar manchas a frio é antiga, e baseada em nitrogênio líquido, que é uma forma antiquada de remover pigmento, mas foi praticamente abandonada porque muitos pacientes acabaram com cicatrizes e manchas brancas. Essa nova ferramenta, no entanto, oferece muito mais controle do que o procedimento clássico, permitindo aos médicos definir temperaturas e durações de tratamento específicas", salienta a dermatologista. No estudo, a maioria dos indivíduos observou uma melhora nas manchas solares planas a ligeiramente elevadas cerca de um mês após o tratamento e desaparecem após quatro dias.
4. UMA AGULHA INTELIGENTE: preenchimentos são comumente retratados como uma solução rápida para repor volume, hidratar, bioestimular e preencher rugas. O procedimento é rotineiro, mas pode causar efeitos colaterais. Para evitar qualquer tipo de dano, a Blosson, empresa de biotecnologia de Boston, desenvolveu a primeira agulha inteligente da indústria que pode detectar quando está dentro de uma artéria e, em tempo real, fornecer feedback por meio de um alerta que ela emite para o celular ou relógio com conexão. "Ela acende ou envia um alerta para o seu telefone ou relógio e avisa para e reposicionar a agulha", ressalta Valéria.
5. LENA (Light Enabled Neuro Robotic Arm): o robô totalmente automatizado estará disponível já na primavera de 2022. "Pensando em inovação, uma empresa francesa está realizando estudos pré-clínicos, que estão em andamento, com o uso deste robô autônomo, com braços precisamente calibrados a fim de diminuir erros humanos. Esta tecnologia, com certeza, trará muitas mudanças nos consultórios, mas é preciso considerar a parte humana, a opinião médica e a individualização de cada tratamento", finaliza a especialista.