A pandemia trouxe muitos desafios para o sistema bancário e, segundo o administrador de empresas Thiago Quintanilha Mastroianni, os bancos tiveram que se reinventar na maneira de conceder crédito neste período e ao mesmo tempo manter os níveis de inadimplência em patamar saudável. “Houve muitas ações por parte do sistema bancário brasileiro para ajudar o cliente durante a pandemia e uma das principais foi a diminuição das taxas de juros para que os clientes conseguissem regularizar as pendências e evitar o aumento do atraso nos pagamentos”.
Com o isolamento, estabelecimentos fechados e a perda de muitos empregos, Thiago diz que os clientes de banco não tinham como regularizar as dívidas e dos que conseguiram manter alguma renda, principalmente os aposentados, faltava conhecimento de como regularizar as pendências, já que estas pessoas estavam acostumadas a realizar os pagamentos diretamente nos bancos ou ainda em agências lotéricas e outros estabelecimentos autorizados. “Como consequência, um segundo grande desafio dos grandes bancos foi acelerar a digitalização dos processos”.
Foi neste cenário do começo da pandemia que, segundo dados de maio de 2020 do Distrito Fintech Report (um estudo sobre startups que se dedicam à inovação tecnológica dos serviços financeiros), as chamadas fintechs apontavam um crescimento de 34,1% em relação ao primeiro estudo, feito em 2019. “Essas startups já possuíam processos definidos e por isso saíram na frente no começo dos problemas causados pelo Coronavírus, auxiliando na digitalização do sistema bancário e de pagamentos”.
Segundo o administrador, apesar de todos os esforços, a inadimplência fez com que os bancos aumentassem as PDDs (provisões de devedores duvidosos), abdicassem de receitas com as quedas nas taxas de juros, e fizessem altos investimentos em tecnologia da informação para que pudessem navegar pela pandemia. A situação apontada por Thiago é também mostrada pela Economática, empresa que faz análise de dados financeiros, em levantamento feito com os balanços dos grandes bancos do Brasil no primeiro trimestre de 2020, em que a PDD das quatro maiores instituições financeiras já era a segunda maior da história, somando R$ 28,28 bilhões.
Com o grande aumento das fintechs, Thiago acredita que o setor bancário está mais competitivo, oferecendo mais opções de crédito e mais benefícios para a população brasileira. “O lado positivo da pandemia é que com os dados coletados durante esse tenso cenário os bancos estão no caminho de conseguir melhorar a concessão de crédito, beneficiando o cliente final com decisões mais assertivas e aumento desta modalidade”. O administrador diz olhar para o futuro de forma positiva. “A expectativa para 2021, além da tão esperada vacina para a Covid-19, é de muita cautela e com uma volta gradual da concessão de crédito no Brasil”, finaliza.