Para proteger os funcionários da exposição ao Coronavírus, muitas empresas optaram pelo teletrabalho, o chamado home office, segundo a fisioterapeuta Elaine Carvalho Mitre. “Essa poderia ser uma excelente alternativa, se todos os lares tivessem condições de trabalho adequadas, porém, muitas casas são pequenas, não possuem escritórios e o mobiliário, na maioria das vezes, são inadequados, o que prejudica a saúde do trabalhador”, acrescenta a profissional.
De acordo com a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise Covid-19, divulgada pela Agência Brasil, o trabalho em casa foi estratégia adotada por 46% das empresas durante a pandemia. “Nas atividades em home office é importante atentar para orientações como estabelecer horário de início e término, fixar horário para almoço, fazer pausas de 10 minutos a cada uma hora trabalhada, para se levantar e realizar algum tipo de alongamento, e evitar o trabalho noturno”, aponta Elaine.
Segundo a fisioterapeuta, o problema do teletrabalho, muitas vezes, é que a atividade é realizada em mesas e cadeiras improvisadas, gerando uma má postura que causará dores musculares e articulares, má circulação, aumento do estresse, fadiga, diminuição da produtividade, entre outros problemas. “Tive um paciente recente, com queixa de dores na região do pescoço, irradiada para o braço, dor de cabeça e nas costas. Observando-o no trabalho em home office, foi necessário corrigir a postura para proporcionar o alívio das dores articulares e tensões musculares”.
A fisioterapeuta informa que nos casos como o citado acima, é preciso aumentar a altura do notebook com o auxílio de uma caixa de sapatos e livros, para que fique ao nível dos olhos, apoiando antebraços e punhos na mesa, algumas vezes elevando o assento e apoiando as costas no encosto da cadeira com auxílio de almofadas. “Outras situações comumente propostas são a utilização de livros para apoio dos pés e uso de teclado e mouse externos. Além disso, normalmente é orientada a prática de uma atividade física para melhorar a circulação, flexibilidade e força muscular”.
Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por intermédio de um estudo denominado Potencial de teletrabalho na pandemia: um retrato no Brasil e no mundo, o Brasil possui 20,8 milhões de pessoas que podem utilizar o home office ou teletrabalho, o que corresponde a 22,7% dos postos de trabalho. Por essa possibilidade e tendência de crescimento nesta modalidade de trabalho, Elaine, que também é especializada em Fisioterapia Motora Hospitalar e Ambulatorial aplicada à Neurologia, chama a atenção para os cuidados preventivos, com as devidas precauções antes de partir para esta modalidade.
Para uma boa ergonomia, a fisioterapeuta faz algumas recomendações: uso de uma cadeira com regulagem de altura do assento, do encosto e dos apoios para antebraços; a parte superior do monitor deve estar na altura dos olhos e a cerca de um braço de distância, para evitar a inclinação da cabeça para a frente; o ambiente precisa estar bem iluminado, a cabeça alinhada e os ombros relaxados; antebraços, punhos e mãos em linha reta e apoiados, com ângulo formado entre o braço e antebraço próximo a 90 graus; pernas e coxas formando um ângulo próximo a 90 graus; joelhos discretamente abaixo do quadril e pés apoiados no solo ou em um descanso. “Sem esquecer que o encosto da cadeira deve ser adaptado à curvatura da coluna, com coxas e costas formando um ângulo de 100 graus”, finaliza Elaine, que diz elencar essas necessidades porque acredita que justamente os detalhes é que fazem toda a diferença na busca pela saúde.