A pandemia de COVID-19, mesmo com a flexibilização em algumas cidades, segue deixando duras marcas no mercado brasileiro. E um dos setores mais afetados nessa crise, com certeza, foi o de feiras e eventos, que, de acordo com o Sebrae, representava 4,32% do PIB e gerava cerca de 7,5 milhões de empregos diretos e indiretos.
Uma outra pesquisa da mesma instituição, realizada em parceria pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos com a Associação Brasileira de Promotores de Eventos, mostrou que 98% das empresas do setor foram impactadas, com uma média de 12 eventos cancelados por empresa. O cenário é ainda mais preocupante com o dado que revela que 43% delas dispensaram funcionários para tentar equilibrar as contas.
Em São Paulo, os eventos de negócios podem retornar a partir do dia 12 de outubro seguindo todas as medidas de segurança e higiene definidas em conjunto pelas autoridades, promotoras de eventos e ainda as associações representantes do setor. Limite de pessoas por metro quadrado, horários agendados, processos automatizados e sem contatos, medição de temperatura e disponibilização de álcool gel são algumas das ações exigidas para a realização dos encontros de negócios.
Uma delas é a NürnbergMesse Brasil, promotora alemã que atua no País há mais de 10 anos, e teve que inovar para realizar seus eventos e ajudar as indústrias. "Este é um ano muito duro e os eventos são muito importantes para a economia, pois elas impulsionam a geração de negócios. Depois da Segunda Guerra Mundial, parte da reconstrução econômica da Alemanha se deve aos eventos", explica João Paulo Picolo, presidente da empresa.
A alternativa encontrada pelo executivo e seu time foi trazer uma plataforma estrangeira de eventos digitais. O usuário terá uma experiência completa de networking e conteúdo, onde, durante dois dias, poderá fazer encontros virtuais, encontrar os lançamentos dos expositores, agendar reuniões e ainda assistir uma intensa e reforçada grade de palestras ao vivo.
"Estudamos muito para encontrar a melhor forma de suprir essa ausência de eventos até que encontramos essa plataforma de Singapura, elaborada com inteligência artificial e que cruza os dados dos expositores com os visitantes. Então, os participantes vão ver oportunidades de negócios e lançamentos de acordo com o perfil da empresa, algo muito objetivo e ágil. O investimento e a dedicação foram grandes, mas acreditamos que será muito benéfico para o setor", explica Picolo.
Os primeiros eventos da empresa a utilizarem essa tecnologia são a FCE Pharma e a FCE Cosmetique, de importantes segmentos da economia brasileira. Os encontros presenciais das indústrias farmacêutica e cosmética aconteceriam simultaneamente no início de junho e tiveram que ser cancelados. Mas nem por isso o mercado ficará a "ver navios".
"Apresentamos a FCE Sessions, edição especial de 2020, nos dias 07 e 08 de outubro. Esses dois setores são muito importantes para o País, por isso, não poderíamos deixar sem um evento, o que geraria muitos prejuízos para a indústria. O encontro virtual não vai substituir o encontro físico nunca, ainda mais para os brasileiros que são tão calorosos e gostam do contato humano, mas, por hora, vai ajudar a recuperar os mercados e fazer a economia girar", explica o presidente da NürnbergMesse Brasil.
Otimista, ele acrescenta que, mesmo com as dificuldades que o mercado ainda tem pela frente, como um Carnaval fora de época e a duração da pandemia, o delicado momento foi uma oportunidade para as empresas se reinventarem e abrirem novos horizontes. "Acredito que ainda temos muito a evoluir, mas com certeza aprendemos muitas lições. A principal delas foi sobre a tecnologia em nossa rotina, também fizemos automação de processos internos e externos, aprimoramos cultura da empresa e home office, enfim, mudamos bastante coisa", conclui Picolo.