Com a transformação digital impulsionando uma nova dinâmica de negócios nas empresas, principalmente no que diz respeito à gestão de pessoas, a área de recursos humanos —por muito tempo vista como operacional— tem conquistado uma importância cada vez maior dentro das organizações. Nesse contexto, o Comitê Executivo de CHROs do WTC São Paulo Business Club reuniu, no dia 12 de agosto, durante o webinar "Re(ação) e a virtualização do RH", executivos de grandes empresas para trocar experiências e debater a nova dinâmica de gestão de pessoas diante da digitalização.
Para compor o painel de conteúdo, o encontro teve a presença do diretor da ServiceNow, Leonardo Ferreira, do vice-presidente da área de RH do Carrefour Brasil, João Senise, e da diretora de Comunicação e Branding da startup Acesso Digital, Gabriela Onofre. A conversa foi mediada pelo vice-presidente de Marketing do WTC, Alexandre Palmieri, e pela presidente do Conselho Executivo de CHROs, Sofia Esteves.
Durante o encontro, a diretora de Comunicação da Acesso Digital, Gabriela Onofre, apresentou os resultados da pesquisa "Impactos da Covid-19 no trabalho em grandes empresas", realizada em parceria com a Cia de Talentos e o Grupo Locomotiva. O estudo entrevistou 185 gestores de RH com o objetivo de entender quais foram as respostas dessas organizações frente ao novo contexto.
O estudo mostrou que 95% das empresas adotaram o modo de trabalho home office, mas desse total mais da metade não estava preparada para a transição, principalmente no que diz respeito à contratação de funcionários. Segundo Gabriela, os desafios impostos pela pandemia fizeram com que os gestores vissem a tecnologia com outros olhos, o que pode acelerar o processo de digitalização da área de recursos humanos. "Os RHs relatam que as rotinas dentro das empresas ainda são muito tradicionais e há unanimidade de que a tecnologia poderia ajudar a melhorar esses processos", destaca.
De acordo com ela, esse cenário burocrático foi sentido principalmente no período de pandemia. A pesquisa apontou que o tempo de contratação de um funcionário dura, em média, de uma a duas semanas e o que mais impacta nesse processo é o cadastramento do novo colaborador nos sistemas e outros procedimentos internos. Segundo o estudo, 35% das empresas já perderam candidatos por conta da morosidade. "É um processo ainda muito burocrático e muitas empresas não souberam dizer quanto gastam nele", revelou.
Esse cenário poderia ser facilmente evitado com o uso de tecnologia. No encontro, o vice-presidente de RH do Carrefour Brasil, João Senise, relatou os resultados positivos da aceleração digital da área na empresa, principalmente durante a pandemia. "Nós tivemos uma alta demanda de contratação, com o afastamento dos profissionais do grupo de risco, e conseguimos reduzir o tempo de admissão em até 25% com uso de tecnologia", destacou. "Com isso, foi possível responder a demanda rapidamente e o negócio seguir operando", contou.
A diretora de Comunicação da Acesso Digital destacou também que o RH tem se destacado no período de pandemia, uma vez que contribui para alinhar os interesses da empresa ao bem-estar e segurança de seus colaboradores. "Os RHs estão sendo eficientes para proteger os funcionários e viabilizar a adoção do trabalho remoto nas áreas em que esse modelo pode ser implementado", destacou.
Segundo Leonardo Ferreira, a experiência do colaborador é o ponto chave para implementar a digitalização em qualquer departamento da empresa, o que pode exigir uma revisão de toda a cultura organizacional. "O departamento de RH é a área mais estratégica para implementar a automatização e melhoria contínua da forma como os colaboradores interagem com a empresa", afirmou Ferreira. "A tecnologia deve ser intuitiva e transformar a experiência de serviço dos colaboradores. Ele precisa se sentir agente de transformação nesse processo. É possível promover a otimização do tempo e dos resultados nos processos, desde a admissão até o desligamento", complementou.
Como convidada especial do encontro, a diretora de RH da Unilever, Luciana Paganato, apresentou o projeto "Jovens do Brasil". A iniciativa visa transformar a realidade da juventude brasileira, disseminando e valorizando novas oportunidades e capacitação no mercado de trabalho por meio da união de grandes empresas. "É um programa de jovens para jovens e temos essa frente de mentoria e suporte com a participação de executivos de diferentes instituições", contou.
Segundo Luciana, a iniciativa busca engajamento de organizações de diferentes segmentos para disseminar a troca e o desenvolvimento do mercado. "É um projeto embrionário ainda e estamos em busca de parcerias. Nosso pilar é elevar e amplificar a voz desses jovens com o olhar da formação, da oportunidade de emprego, respaldado por nós, que temos um grande espaço de formação, de engajamento na sociedade, pensando não apenas no futuro das nossas empresas mas também no que a sociedade ganha com o desenvolvimento desses jovens."