Pacientes em estado grave com COVID-19 podem ser salvos através do enfraquecimento do sistema imunológico, segundo um estudo da Universidade de Aarhus, Dinamarca.
A pesquisa, publicada na revista Science, indicou que a resposta do sistema imunológico para combater a COVID-19 através da liberação de citocinas, que impedem a propagação de doenças virais, retardando suas divisões celulares, pode minar os pulmões dos pacientes, dificultando a respiração.
A gravidade da doença está ligada à destruição da superfície dos pulmões, tanto devido ao ataque do próprio vírus como por consequência da resposta imunológica. As citocinas extraem grandes quantidades de líquido e enfraquecem o tecido pulmonar, tornando mais difícil a proteção contra bactérias nocivas. A falência de múltiplos órgãos associada às chamadas "tempestades de citocinas" tem sido observada em muitos países durante a pandemia da COVID-19.
"As citocinas do sistema imunológico são uma espada de dois gumes nestes tipos de infecções. As células infectadas pelo vírus são impedidas de crescer e se dividir, mas infelizmente estas citocinas têm o mesmo efeito sobre as células que não contêm vírus, tais como as do tecido pulmonar danificado", afirmou Rune Hartmann, professor do Departamento de Biologia Molecular e Genética da Universidade de Aarhus, de acordo com a agência Ritzau.
Como tal, uma redução oportuna da reação do sistema imunológico ao coronavírus poderia ajudar a salvar vidas.
"Nossos [...] resultados mostram que as células pulmonares danificadas não são reparadas. O tratamento ideal para pessoas que estão gravemente doentes com vírus respiratórios é, portanto, inicialmente estimular as citocinas precocemente durante a infecção e depois baixá-las posteriormente para evitar matar o paciente", explicou Hartmann.
Apesar do novo estudo ter sido realizado em ratos, com o vírus da gripe como um organismo-modelo, os pesquisadores estão confiantes de que suas observações também se aplicam a seres humanos.
Suspeita-se também que as tempestades de citocinas tenham sido a principal causa de morte durante a pandemia da gripe espanhola de 1918, cujo número de vítimas pode ter chegado a 100 milhões. As mortes ocorreram desproporcionalmente em pessoas com sistemas imunológicos saudáveis, devido à sua capacidade de gerar respostas imunológicas mais fortes com picos dramáticos nos níveis de citocinas.