A tecnologia no desenvolvimento de alternativas para combater a surdez vem avançando a passos largos. Pesquisas, estudos e muita inovação formam um conjunto essencial para o desenvolvimento de produtos de ponta que podem devolver a audição de pessoas com surdez. Um dos momentos mais esperados do paciente que faz implante coclear, é a ativação dele. Mas e se, quando chegasse esse momento, não fosse possível acionar o dispositivo. Foi o que ocorreu com uma paciente do Espírito Santo.
O que para muitos foi uma barreira, foi visto por outros como uma oportunidade para se lançar em novos e promissores desafios. Movida por uma forte vontade levar a reabilitação auditiva da melhor maneira para os seus pacientes, mesmo no isolamento, a professora da Universidade Federal do Espirito Santo, Fga. Dra. Carmem Barreira-Nielsen que é referência em telessaúde, em parceria com empresa europeia de implante coclear, a MED-EL, deram início a um projeto inovador no Brasil que poderá desenhar novos formatos de atendimento no futuro.
O Implante coclear pelo SUS no Espírito Santo
Referência no Estado do Espírito Santo, a UFES, juntamente com o Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (HUCAM) oferecem gratuitamente por meio do SUS a cirurgia de implante coclear, para pessoas com deficiência auditiva que se enquadram nos critérios determinados. Em março de 2020 neste hospital, os doutores Henrique Ramos e Bernardo Ramos e a Fga Dra. Carmem Barreira-Nielsen realizaram a cirurgia de implante coclear no ouvido direito da paciente O.M.O de 74 anos, a cirurgia foi um sucesso!
Porém, ainda faltava a segunda e também importante etapa - a ativação do processador de áudio externo, que ocorre em torno de um mês após a cirurgia. Justamente neste período, ocorreu o auge da pandemia de COVID-19 no Brasil e todos os atendimentos que não eram considerados urgentes foram paralisados.
Inovação criada pelo desafio
Para quem trabalha com audição, ouvir é uma emergência. Foi essa emergência que motivou a busca de uma solução inédita para a paciente O.M.O. A Fga. Carmem, em uma força tarefa com outras duas fonoaudiólogas, Thamirez do Val Bello e Guilhermina Gomes organizaram o atendimento com um protocolo rígido de adequação de tecnologias para garantir segurança, confiabilidade e benefício para a paciente, para que seu processador OPUS 2 fosse ativado sem sair de casa.
"Com auxílio de um facilitador da família, foi possível realizar a ativação do implante da paciente que estava em casa de maneira equivalente ao atendimento presencial, estando dentro do Hospital Universitário utilizando também vídeo chamada para controlar o atendimento à distância" disse a Fga. Carmem Barreira-Nielsen.
O resultado foi além das expectativas dos profissionais e a família ficou agradecida e satisfeita com o empenho da equipe que fez com que a ativação fosse possível.
O teleatendimento em fonoaudiologia se aprimora dia após dia. Sem dúvidas, a pandemia impulsionou a criação de novas alternativas para proporcionar um atendimento mais próximo possível de uma consulta presencial. Que este modelo possa manter-se ativo e crescente mesmo após o fim do distanciamento social em benefício do paciente, sua família e do profissional.