Segundo a última atualização do Ministério da Saúde, o Brasil somou 1.193.609 de casos de covid-19 nas últimas 24 horas. O número de mortes chega a 53.895. Também foram recuperados 649.908 pacientes.
Com a pandemia, o Brasil é um dos destaques na imprensa internacional e os brasileiros são impedidos de entrar em alguns países, como por exemplo, Portugal e Espanha.
Muitos brasileiros ainda estão fora de casa esperando o momento de retornar ao país.
O advogado, jornalista e escritor ítalo-brasileiro Antonio Antolini, autor do livro “A Carta da Vitória do Espírito Santo” e da recém-lançada obra “O Evangelho nada secreto de Antonio”, estava na Itália quando os primeiros casos começaram a surgir e quase não conseguiu voltar ao Brasil.
Ele tem uma visão mais aberta sobre a pandemia e para expressar sua opinião e ouvir outras pessoas que pensam da mesma forma, criou o projeto “Combatentes do Óbvio”
“A ideia do Combatentes do Óbvio me veio à mente logo após o meu retorno ao Brasil”, relata Antonio Antolini que quase ficou preso na Itália em março desse ano quando os aeroportos foram interditados.
Antolini pretende agregar em sua plataforma “Combatentes do Óbvio” nas redes sociais, pensamentos já presentes em alguns de seus livros, além de reflexões pessoais ainda não publicadas, em forma de textos, áudios e vídeos.
“O óbvio é tão dependente de especificidades circunstanciais internas e externas, as quais se alteram com o passar do tempo, de acordo com cada indivíduo, que o pensador honesto reconhece e admite que o dito não existe, isto é; o óbvio nunca é óbvio, senão por força da definição conceitual”, explica o escritor.
Em sua viagem à Europa no começo do ano, Antolini esteve em metrópoles como Londres, Paris, Atenas, Viena e Roma, onde ouvia as notícias sobre coronavírus nas emissoras de televisão.
Ver TV passou a incomodá-lo, e ele não entendia a real motivação de toda aquela preocupação em torno de um vírus em tantos países da Europa.
“Acabei deixando de ver TV e durante o carnaval estive em Atenas, e lá realmente não houve qualquer festividade durante o período, o que na época, achei um exagero do governo grego”, relembra o escritor.
Enquanto isso, ele lia os grandes jornais brasileiros pela internet e percebia que o coronavírus não era o foco das notícias no país.
“Os jornais brasileiros reproduziam parte das notícias da Europa, mas sem todo aquele alardeado. As notícias divulgadas pela imprensa brasileira eram muito mais suaves”, diz o escritor.
Na Europa, Antolini acompanhava o Carnaval pela internet, que aconteceu normalmente no Brasil.
“Todos divertiram-se sem a menor preocupação com o vírus. Ainda na Europa, visitei Roma, pois com Católico Apostólico Romano, senti que deveria ir ao Vaticano”, recorda.
A volta
No início de março Antonio Antolini decidiu retornar ao Brasil e, segundo ele, algo inesperado aconteceu.
“Quase perdi o avião. Estavam literalmente todos embarcados e fui o último a entrar porque realmente desatento quanto a horários. Não percebi na hora, mas mais um milagre ocorreu em minha vida”, conta.
No dia seguinte ao seu embarque em Roma, os aeroportos foram fechados. Ele disse que seu retorno ao Brasil aconteceu na hora certa.
Antolini afirma que não era óbvio para ele o que estava sendo divulgado pelas emissoras de TV europeias.
“Achava que aquilo era um exagero sem precedentes, e não havia qualquer lógica em todo aquele alarde. Só depois fui compreender e agora quase no final de junho aqui no Brasil vemos uma situação aterrorizante”, afirma.
Para o escritor e advogado, com todos trancados em casa, em quarentena, apavorados com o risco da morte pelo vírus, a situação para muitos é de pânico.
“Mas a sensação de morte é infinitamente maior. É como o frio e em sensação térmica”, comenta.
Para ele, a “sensação de morte” é maior que o número oficial de mortos até agora divulgado pelo Ministério da Saúde do governo brasileiro.
Antolini disse que tinha um entendimento sobre a situação quando estava na Europa e outro após retornar ao Brasil.
“Condições internas e externas alteraram a sua percepção da realidade. Antes eu entendia o coronavírus como uma pequena gripe que logo passaria. Agora eu o enxergo como algo que mudou a realidade do mundo inteiro em 2020, e que pode alterar muitos aspectos da nossa sociedade, de forma permanente”, explica o escritor.
Segundo ele, após todos os acontecimentos, o óbvio que estava em sua cabeça quando viajava pela Europa é o oposto do que entende ao estar novamente no Brasil.
“Fui enxergando a realidade externa que se apresentava a mim, e a minha percepção interna foi se alterando. E todo esse processo levou tempo. Então, resta concluir que o óbvio não existe”, finaliza Antonio Antolini.