A cada dia que passa a chuva não chega ao Sul Catarinense e aumenta o drama da estiagem na região. É um dos maiores períodos sem chuvas substanciais nas cidades que compõe a Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec). Alguns municípios têm deficiência de 80 a 100 milímetros de precipitações. O resultado, claro, se reflete no dia a dia dos moradores.
Em Cocal do Sul, um dos locais mais atingidos pela falta de água, a situação calamitosa se estende semana após semana. “O nosso dia a dia está crítico. Bem feio mesmo. Sem energia, a gente até improvisa, mas sem água não dá”, comenta Anselmo Medeiros Calegari, de 46 anos, morador do bairro Cristo Rei. Ele mora em uma casa e precisou fazer investimentos para minimizar os danos causados pelo racionamento. “Tive que comprar uma caixa reserva e botar do lado, a outra era pequena. A dificuldade é muito grande”, ressalta.
A Administração Municipal e o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) precisam racionar a distribuição de água. Em meio à pandemia do coronavírus, a rotina se complica ainda mais. “Libera um bairro a cada dois dias e a gente vai ajudando uns aos outros com os vizinhos. Estamos preservando a água porque não tem de jeito nenhum”, explica Anselmo.
Apelo por um maior investimento
Para Anselmo, faltou planejamento da prefeitura na questão hídrica. A preocupação maior, segundo o morador, foi com asfaltamento de ruas. “Passaram sete anos e não foi investido praticamente nada em barragem e prevenção sobre isso. Foi só investido em asfalto e não pensaram na água. Tem várias nascentes em Cocal do Sul, mas, em cima da hora, não tem como fazer uma barragem”, desabafa.
Anselmo deixa claro que a motivação da reclamação não é política. Ele faz questão de elogiar o diretor do Samae, Márcio Zanetti. “Ele é competente e está dando a cara para bater, seja de dia ou de noite. Não tem nada a ver com questão partidária. Ele pegou o Samae com 70 mil em caixa e está sofrendo com essa seca”, ressalta o morador.
As soluções paliativas exibidas pela prefeitura também são elogiadas pelo cocalense. “Ele está buscando soluções, comprando água do caminhão pipa para abastecer o Samae. Buscando água para tratar e depois passar para a população, mas a situação é muito complicada”, ressalta.
Alguns moradores do bairro Jardim Itália falam em até oito dias sem água, nas residências mais altas. Nesses locais, a água demora mais para chegar na caixa de distribuição das residências. Para eles, o sofrimento é grande. Os dias sem água na torneira chegam até a quatro. Eles usam alternativas para as atividades diárias, como procurar parentes que moram em cidades próximas, como Criciúma, para conseguir tomar banho, por exemplo.