O presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) e do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), Flaviano Feu Ventorim, e os presidentes da Associação dos Hospitais do Paraná (Ahopar), José Octávio da Silva Leme Neto, e da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), Rangel da Silva, concederam, nessa quinta-feira, 09 de abril, uma nova coletiva de imprensa para falar sobre as medidas adotadas pelos hospitais no combate à pandemia de Covid-19.
A principal questão abordada na conversa com os jornalistas foi a saúde dos profissionais que estão na linha de frente contra o vírus. Ventorim explicou que, em média, a taxa de absenteísmo nos hospitais gira em torno de 3%, número que aumenta no inverno. Desde que a pandemia começou, o afastamento subiu, porque como houve transmissão comunitária do vírus no país, pessoas com qualquer sintoma de gripe são consideradas suspeitas até que se prove o contrário.
“Por enquanto, na média, o afastamento está dentro do esperado. Continuamos com uma organização intensa para manter colaboradores protegidos, preparados para um eventual aumento da curva e da procura por parte dos pacientes. Sabemos que muitos profissionais atuam em mais de um estabelecimento de saúde. O cuidado está sendo redobrado, com grande distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs). Estamos seguindo todas as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos demais órgãos competentes”, explicou.
Outro problema enfrentado pelos hospitais, segundo o presidente da Femipa, é com relação ao aumento dos custos. Antes da pandemia, ele citou que uma máscara cirúrgica era adquirida por R$ 0,09. Agora, há fornecedores comercializando o material por R$ 2,50, no mínimo.
“Estávamos vindo de um custo controlado e o custo disparou, seja na compra de EPIs, seja com o absenteísmo, ao mesmo tempo em que os hospitais perderam receitas, por conta do cancelamento de outros serviços, como cirurgias eletivas, por exemplo. Não temos previsão de quando o custo vai se estabilizar. Temos conversado com as operadoras para que se crie uma forma temporária de fazer frente aos custos. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), estão sendo votados dois projetos, e um deles garante pagamento da média dos recebimentos dos hospitais, em função de as instituições estarem de prontidão”, detalhou.
Média de ocupação e cirurgias eletivas
Segundo Ventorim, os hospitais cancelaram as cirurgias eletivas entre, que ocasionou uma redução entre 50 e 60% do volume cirúrgico, dependendo do perfil do hospital, por orientação do Ministério da Saúde e dos demais órgãos oficiais, até que se estabeleça um novo posicionamento. O restante diz respeito às cirurgias urgentes, que não podem esperar. Essa diretriz tem por objetivo manter um maior número de leitos de UTI disponível, em função de um possível aumento de pacientes mais graves, com síndromes respiratórias, em especial com COVID-19. Com isso, no momento, a taxa de ocupação dos hospitais está, em média, entre 40 e 50%.
“Dependendo do perfil do hospital, a redução de cirurgias eletivas chegou a 80%. Isso é um problema grave para os hospitais, pois a partir do próximo mês, essas instituições começam a não ter receita. O processo de retomada demora aproximadamente 60 dias. Por isso, vemos um cenário muito dramático de modo geral, especialmente naqueles que não têm lastro financeiro, como as santas casas, hospitais menores etc.”, citou.
Boletins informativos
Em relação à divulgação de boletins de casos suspeitos, confirmados e óbitos, questionamento frequente por parte da imprensa, Ventorim afirmou que todos os hospitais informam, diariamente, as secretarias municipais e estadual de Saúde. Os dados não são disponibilizados individualmente, porque mudam a todo momento, o que pode gerar desencontro de informação. Ventorim lembrou, ainda, que não é possível detalhar o número de colaboradores suspeitos, pois há afastamentos por outros motivos também.
Leitos
O Paraná tem, hoje, 15.191 leitos, sendo 10.805 do Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total, são 2.022 leitos de UTIs adulto – 1.218 do SUS. De acordo com Ventorim, o Paraná tem uma boa relação de leito-paciente quando comparado aos números do Brasil. Também é importante reforçar que há a possibilidade de se transformar enfermarias em leitos de cuidado intensivo, mas isso vai depender da demanda e da logística de equipamentos e insumos.
Imprensa
Os presidentes das entidades representativas pediram apoio dos jornalistas na condução campanhas de apoio aos profissionais de saúde; divulgação de matérias para esclarecer quanto ao uso de máscaras e seus diferentes tipos; e apuração detalhadas de denúncias, que, muitas vezes, podem ser falsas e acabam trazendo problemas aos hospitais, que precisam de tempo e profissionais para responder aos questionamentos.
José Octávio da Silva Leme Neto, presidente da Associação dos Hospitais do Paraná (Ahopar), finalizou a entrevista, dizendo que os hospitais são o elo da cadeia de valor mais impactados com a pandemia. Ele citou que os custos fixos são altos, uma vez que a estrutura fica ociosa, e isso impacta na sustentabilidade. Fora isso, é preciso criar novas estruturas e ampliar quadros, o que aumenta ainda mais o fluxo.
“Estamos fazendo um esforço enorme para poder dar conta do recado. Além disso, é preciso ressaltar que os profissionais de saúde estão sendo fundamentais nesse momento, pois estão enfrentando grande pressão o tempo todo, mas não estão fugindo da responsabilidade. Precisamos apoiá-los e homenageá-los. O desafio realmente tem sido grande e contamos com os veículos de comunicação para que possamos coordenar a informação e acabar com a desinformação”, salientou.
Rangel da Silva, presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), complementou: “contamos com a imprensa para exaltar os profissionais de saúde e também nos ajudar a vencer essa guerra. Há uma avalanche de coisas acontecendo. Por isso, mais do que nunca, fake news devem ser combatidas”.