05/04/2020 às 08h05min - Atualizada em 05/04/2020 às 08h05min

‘Além de lidarmos com a dor, ainda inventam mentiras sobre ele’

Familiares de Aislan Crozeta Corrêa, precisam lidar com a dor da perda e com os boatos que correm em redes sociais

Liliane Dias
NOTISUL
Notisul Divulgação

A perda de um ente querido é sempre muito difícil, principalmente quando tudo ocorre tão rápido como no caso de Aislan Crozeta Corrêa, 32 anos. Mas o que piora a situação dos familiares e aumenta o sofrimento é ter que se deparar a todo momento com várias mensagens falsas, que circulam pela internet. As fake news tornam a tristeza ainda maior.

A tia e amiga de infância de Aislan, Jackeline Soethe que também reside em São Ludgero, contou a reportagem do Notisul, como tudo ocorreu e desmentiu as fake news. Ela conta que no dia 12 de março ele apresentou os primeiros sintomas de uma gripe. Com isso, foi tratando como gripe normal. Esteve em um médio que o recomendou medicamentos para sintomas de gripe e o liberou para casa. Na segunda-feira (16), ele dirigiu-se ao posto de saúde do município. “Lá mandaram que ele ficasse em isolamento em casa”, relembra a tia.

Na quarta-feira (18), Aislan teve piora no quadro e retornou ao posto de saúde, mas desta vez foi encaminhado ao Hospital Santa Teresinha. “Ele estava com muita dificuldade de respirar e perto do meio dia foi encaminhado para o hospital de Braço do Norte. Lá ele iniciou o isolamento total, ninguém teve mais contato com ele e fizeram a coleta do covid”, detalha.

Entre os dias 18 e 20, segundo Jackeline, ele conversava com familiares por mensagens e videochamadas. Ainda conseguia conversar com familiares. Principalmente com a mãe, pai e a esposa. “Ele estava consciente. Mas na quinta para sexta ele piorou, então precisou ser encaminhado para a UTI. A dificuldade em respirar aumentou e ele foi encaminhado no mesmo dia para o hospital de Içara”, pontua.

No sábado (21), a família foi avisada sobre o resultado do exame. O qual deu positivo. “De lá para cá ele veio entubado na UTI com sonda para não o deixar fazer esforço e ver se ele se recuperava. Teve um dia ou outro que tinha uma melhora, mas a família não teve mais contato com ele”, explica a tia.

 

A saúde de Aislan

Jackeline conta que o rapaz nunca teve problemas de saúde. Ela o conhece desde os 3 anos, e não tem lembrança de ele ter tido qualquer tipo de doença, muito menos no quadro respiratório. “Nuca sofreu com asma ou bronquite”, afirma a tia.

 

Família

Desde o diagnóstico, em que houve alteração no quadro e ele foi internado, no dia 18, toda a família permaneceu em isolamento conforme orientação da Secretaria de Saúde do Município. “Todos ficaram isolados. A família ficou em isolamento, mas nenhum deles apresentou sintoma. Hoje inclusive eles já estariam liberados do isolamento, mas em virtude o ocorrido, optaram por ficar em casa”, comenta Jackeline.

 

Sobre os boatos

Jackeline desmente os boatos de que o sobrinho teria participado da suposta festa em Braço do Norte. Mas acredita que a contaminação ocorreu em São Ludgero. “Ele não teve naquela festa. Ele trabalhava na área comercial da Copobras e viajava muito. Mas nos últimos 15 dias não esteve viajando. Sendo assim, a contaminação ocorreu no próprio município”, pontua.

Questionada sobre outros áudios que circulam nas redes, ela conta que é tudo mentira. “Ele nunca teve problemas de coração, nunca bateu o carro, nada disso é verdade. Ele sempre foi muito saudável”, afirma.

Quando finalizávamos a entrevista, outro áudio chegou ao conhecimento da tia. Uma retratação do anterior, em que falava o áudio se referia a uma outra pessoa, de outro município.

 

Após a notícia do falecimento

Irmã, primo e o cunhado foram até o hospital na intenção de liberar corpo, mas segundo Jackeline, o trio havia sido informado de que não teriam contato algum com Aislan. “O hospital já havia informado que o caixão estaria lacrado. Ninguém mais da família teve contato com ele. Do hospital foi direto para o crematório e lá também, ninguém poderia ter contato”, lamenta.

Mesmo que a família optasse em realizar o velório, o tempo máximo para a despedida seria de duas horas. “O caixão permaneceria lacrado e familiares não poderiam nem sequer tocar, então a família optou por não fazer. Além disso, seria restrito só para os familiares mais próximos”, explica a tia.

Uma missa virtual ocorreu em São Ludgero, às 19h, direcionada ao rapaz. A tia afirma que as lembranças deixadas por Aislan ficarão para sempre nos corações dos familiares. “Ele era um homem maravilho, dedicado à família, principalmente ao filho e a esposa. Ele sempre foi muito presente, além de um grande profissional. Sempre teve muita dedicação e entusiasmo em tudo que fez, além de ser uma pessoa determinada e humilde”, finaliza Jackeline.


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