Nas últimas semanas a pandemia global causada pelo coronavírus tem deixado todos os países e órgãos de saúde em alerta. Mas qual a relação dessa doença com os pacientes renais?
A doença renal crônica atinge progressivamente mais idosos (pessoas com idade superior aos 60 anos representam 40% dos casos que necessitam de diálise). Essa faixa etária está entre a principal faixa de risco para o COVID-19. Somando-se a isso, o principal motivo da doença renal crônica afetar mais os idosos está relacionado ao diabetes mellitus e a hipertensão grave, o que também confere o pior prognóstico na pandemia.
Dessa forma, nota-se uma população de grande risco e que precisa se deslocar de casa para a clínica de diálise pelo menos três vezes na semana. As clínicas de diálise tiveram que mudar suas rotinas e fluxos repentinamente, visto a necessidade de evitar a todo custo que acompanhantes e pacientes se acumulem na recepção. Além disso, os profissionais (médicos e enfermeiros) são as pessoas que são mais expostas ao COVID-19. Mas apesar disso tudo, a diálise é uma atividade essencial e de suporte à vida, que não pode ser suspensa.
Pacientes com COVID -19 positivo e que são renais crônicos são um grupo distinto. Se sintomáticos, com febre, tosse e cansaço, deverão ser internados e fazer diálise em setor isolado dentro do hospital. Aqueles que não têm indicação de internação e também são positivos, deverão ser isolados dentro das clínicas, com separação por turnos de diálise, sendo que muitas vezes é necessário abrir turnos e horários exclusivos para os contaminados.
A grande maioria dos pacientes com COVID-19 evoluem favoravelmente, sendo que só 20% deles tem sintomas que levam à hospitalização. Desses casos, apenas 6% do total necessitam de suporte avançado e unidade de terapia intensiva (UTI) e metade desses terá insuficiência renal aguda e ou poderão precisar de hemodiálise.
Esses casos estão entre os mais graves, com maior risco de óbito, e necessidade de procedimentos de diálise contínuos.
Dentro da nefrologia, observa-se mais dois grupos de pacientes que são fortemente impactados. Um deles são os pacientes com doença renal crônica ou com segmento com nefrologia ambulatorial. Esses atendimentos precisam ser reagendados por aumento do risco de contaminação e aderência ao programa de isolamento social.
Estas medidas reduzem o impacto sobre populações em fases menos avançadas da doença renal crônica e também controlam a contaminação em grupos que se deslocam menos em hospitais, porém dentro desse grupo sempre há pessoas que necessitam de consultas mais próximas e exames eletivos, que serão todos reagendados para o fim da pandemia.
Os candidatos a transplante doador falecido, que estão em fila única, também serão avaliados caso a caso, e se não houver risco em sua imunossupressão, poderão realizar o procedimento. Nesse cenário, tudo será uma avaliação de risco e beneficio. Mas essa balança é realmente difícil de medir para quem corre contra o tempo.
Outro aspecto a ser considerado são os pacientes já transplantados. Esses devem seguir os padrões do isolamento social, mas é claro que há mais risco de infecções graves pelo uso de imunossupressores.
Para auxiliar estes pacientes e suas realidades específicas, nota-se uma possibilidade mais tecnológica na medicina, as consultas através de chamadas de vídeo e áudio, que foram regulamentadas durante o período da pandemia pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
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Dra. Irina Antunes Nefrologista / CRM 75350