23/06/2019 às 09h40min - Atualizada em 23/06/2019 às 09h40min

Como os olhos dos cães evoluíram para cativar os humanos

Aquele olhar fofo do seu amigão é fruto do movimento de dois músculos que os lobos não têm — eles apareceram para humanizar as expressões caninas.

- 87 News
MUNDO ESTRANHO

Não tem como resistir quando seu cachorrinho olha para você: o brilho dos olhos grandes realçado pelas sobrancelhas soerguidas transmitem um sentimento quase de dó. Por trás da encantadora “expressão de filhotinho”, há uma longa história não só sobre o processo de domesticação dos cães, mas também sobre nós mesmos. Esse olhar inocente evoluiu justamente para derreter nossos corações.

Um estudo publicado pelo periódico PNAS e oferece mais uma evidência biológica de que os cachorros domesticados desenvolveram uma habilidade especial para estabelecer uma comunicação mais eficaz com os seres humanos. Isso aconteceu nos olhinhos dos peludos: dois músculos faciais fazem eles parecerem maiores e mais fofos (e também mais semelhantes aos dos nossos bebês).

Lobos não têm essa particularidade em sua anatomia – indício direto de que a evolução atuou muito rapidamente para modificar as expressões dos cachorros com um objetivo certo: fazer os humanos se identificarem mais com eles. E isso, é lógico, traz vários benefícios aos cães. O principal é despertar nossos instintos mais fortes de cuidado e proteção – além de carinho, eles ganham comida, algo obviamente fundamental para sua sobrevivência.

Os dois músculos responsáveis pela expressão fofa são chamados de RAOL e LAOM. Eles conectam os músculos em volta dos olhos a cada ponta da sobrancelha.

Para entender melhor a origem dessas estruturas musculares, os cientistas estudaram quatro lobos-cinzentos, tidos como o animal do qual os cachorros se originaram há pelo menos 33 mil anos. Em nenhum deles o RAOL ou o LAOM estavam presentes. Já entre os cães avaliados a realidade era outra: os músculos existiam em cinco das seis raças selecionadas. A exceção foi o husky siberiano, a raça mais antiga de todas.

Os autores investigaram ainda como a expressão oferecida pelos músculos impacta tanto o organismo dos cachorros quanto o dos humanos. Nos dois casos, houve liberação de ocitocina, o hormônio do amor, quando uma pessoa olhou para seu cãozinho (e vice-versa).

No fim, a pesquisa confirma algo que a gente já suspeitava: a relação construída entre nós e os peludos é uma das maiores fontes de carinho, companheirismo e, sem exagero, amor. Realmente, são nossos melhores amigos.


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