A cerveja que causou uma doença misteriosa por contaminação em Belo Horizonte (MG) já foi distribuída em Santa Catarina. A suspeita é que dois lotes da Belorizontina, da cervejaria Backer, foram contaminados com um solvente conhecido como dietilenoglicol.
Peritos investigam se o produto pode ter provocado uma doença que causou insuficiência renal e alterações neurológicas em ao menos oito pessoas. Uma morreu na terça-feira (7).
No site da cervejaria Backer consta a lista de distribuidores parceiros dos produtos pelo Brasil. Entre eles está a catarinense Santa Brígida, que tem a sede em Itajaí.
A reportagem do ND+ entrou em contato com o estabelecimento, que informou que não faz a distribuição da Belorizontina desde novembro – com lotes anteriores aos contaminados.
A distribuidora também informou que a cerveja em questão não chegou a ser encaminhada a mercados ou supermercados. A circulação à época ficou restrita a empórios e restaurantes.
Segundo o laudo pericial, o produto foi identificado em garrafas dos lotes L1 1348 e o L2 1348.
Em coletiva de imprensa na noite dessa quinta-feira (9), a Polícia Civil pediu para que os consumidores que tiverem garrafas que correspondem a esses lotes evitem o consumo e, se possível, entreguem às autoridades para a continuidade das investigações.
As amostras analisadas pela perícia foram feitas em quatro garrafas que estavam na casa dos pacientes que apresentaram sintomas da síndrome renal neurológica.
A empresa Backer informou que vai retirar de circulação os dois lotes da cerveja Belorizontina.
Um inquérito da Polícia Civil foi aberto nesta quinta-feira para analisar se, de fato, a cerveja foi a motivadora da doença e se a empresa produtora tem alguma responsabilidade sobre a situação.
De acordo com o superintendente de Polícia Técnico-Científica da corporação, Thales Bittencourt, o laudo deve ficar pronto em até 30 dias.
“No momento só é possível afirmar que foi encontrada essa substância em amostras recolhidas na casa de pacientes”.
Em nota, a Backer declarou que o dietilenoglicol não faz parte do processo de produção da Belorizontina e que o recolhimento dos lotes indicados pela polícia será uma medida de “precaução”.
O dietilenoglicol é uma substância química anticongelante utilizada no processo de resfriamento nas serpentinas durante a fabricação da cerveja.
As oito pessoas identificadas com a síndrome, até o momento, apresentaram sintomas gastrointestinais, como náusea, vômito e dor abdominal associadas a uma insuficiência renal grave e de rápida evolução. Os pacientes também apresentaram outros sintomas, como paralisia facial, borramento visual, perda de visão, taquicardia e paralisia descendente.