A Central de Penas e Medidas Alternativas (CPMA) de Criciúma promoveu neste mês o último encontro do Grupo Refletir em 2019. O projeto, que está em sua 15ª edição, é voltado aos homens autores de violência doméstica e familiar contra a mulher que cumprem pena ou medida alternativa, cujo delito esteja relacionando a Lei 11.340/2006.
Segundo a psicóloga Regiane Medeiros Gonçalves, coordenadora imediata da CPMA de Criciúma, o grupo temático é desenvolvido através de encontros reflexivos, com vistas à socialização das realidades vividas em torno da violência contra a mulher. São abordadas temáticas transversais como masculinidade, autoconhecimento, relação de gênero, tipos de violência, comunicação não violenta e promoção da cidadania, de forma a contribuir para o processo de transformação do comportamento.
"Entendemos que auxiliar os homens a reconstruir sua masculinidade é tão importante quanto ajudar a mulher vítima da violência, pois as duas partes precisam de auxílio para promover uma verdadeira transformação na relação. A cada encontro, através das reflexões dos temas abordados e a troca de experiências, acontece o processo de reeducação e a transformação no comportamento", explica. Segundo ela, a possibilidade de comportamentos alternativos às formas tradicionais de masculinidade podem promover maior equidade nos relacionamentos e consequentemente benefícios para toda a sociedade.
O projeto foi idealizado pela coordenação técnica operacional das CPMA's do Estado de Santa Catarina, através da psicóloga Wanderléa Maria Machado e tem como objetivo promover a reflexão dos homens autores de violência doméstica contra as mulheres sobre a responsabilização da violência. A intenção é contribuir para relacionamentos mais equitativos e desenvolver o controle emocional e a auto estima para a cessação de comportamentos violentos com intuito de minimizar os índices de reincidência.
O Grupo Refletir é desenvolvido pelas CPMA's em cinco comarcas do Estado e na CPMA de Criciúma acontece desde 2016. A equipe técnica é composta por psicólogas e assistentes sociais que realizam dois atendimentos psicossociais com cada beneficiário, com o objetivo de acolher, orientar e iniciar o processo de vínculo, além de obter informações quanto ao perfil do homem, sua dinâmica de vida e a percepção frente ao delito. Durante os atendimentos, o beneficiário é orientado quanto às datas e horários do grupo reflexivo, que acontecem em seis encontros, semanalmente, com calendário pré-determinado e carga horária de uma hora e trinta minutos por encontro, no Fórum da comarca de Criciúma. A criação de espaço reflexivo para os homens está previsto nos artigos 35 e 45 da Lei 11.340 Lei Maria da Penha.
O programa, que possui oito centrais no Estado e uma coordenação técnico-operacional, é resultado de parceria entre o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa e o Ministério Público (MPSC).