Santa Catarina é o Estado brasileiro com mais casos de sífilis. Em 2018, foram registrados 164,1 casos a cada 100 mil habitantes, segundo levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde. O texto aponta ainda que a Capital, Florianópolis, foi que mais notificou novos casos da doença entre as 16 pesquisadas pelo órgão.
O número assusta. Enquanto a média nacional é de 75,8 casos a cada 100 mil habitantes, o número de registros catarinense é quase o dobro. A tendência elevada acontece em Santa Catarina desde 2014 segundo a DIVE/SC (Diretoria de Vigilância Epistemológica).
“O Estado enfrenta um problema sério ao lidar com a sífilis. A Capital vive uma epidemia da doença há alguns anos, com casos registrados principalmente em jovens, que acabam não utilizando métodos de prevenção durante as relações sexuais”, comenta a ginecologista da Dive/SC Flávia Soares.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível, caracterizada pelo aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo. Ela causa lesões nos órgãos genitais — pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele — que podem aparecer de dez a 90 dias após o contágio.
O boletim epistemológico mostra que a doença vem avançando principalmente entre os jovens. A maior notificação da doença aconteceu entre jovens na faixa etária de 20 e 29 anos.
Flávia comenta que o combate a doença deve ser feito com campanhas de médio e longo prazo, alertando sobre os riscos e as formas de identificar a sífilis. O resultado dessas ações já é sentido na saúde do Estado.
Os casos de sífilis congênita diminuíram em 2018 em Santa Catarina. No boletim epistemológico divulgado pelo Ministério da Saúde, o Estado aparece entre os três com menores índices da doença.
Quando a sífilis é transmitida de forma congênita, durante a gestação ou no momento do parto, os danos causados aos bebês podem incluir cegueira, surdez, má formação e deficiências mentais.
O combate é feito com um pré-natal completo, que contemple o maior número de exame visando a saúde da mãe e do bebê. Flávia explica que o Estado tem investido nesse setor, melhorando o atendimento.
Os sintomas costumam aparecer em três fases. Na primeira acontece o aparecimento de lesões nos órgãos genitais, seguida pelo aparecimento de manchas vermelhas, febre, mal-estar e linfonodos na segunda fase.
O perigo da sífilis está na fase terciária, quando a doença fica assintomática. Este é o período mais grave da infecção, que pode comprometer o sistema nervoso central e o cardiovascular. A evolução do quadro pode levar o paciente a morte.
Sua prevenção é feita por meio do uso de preservativos durante relações sexuais. O contato íntimo desprotegido favorece a transmissão da bactéria Treponema pallidum, responsável pela doença.
A identificação da doença é feita por meio de um teste rápido disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Caso haja a confirmação da contaminação, o tratamento é iniciado com a aplicação de penicilina benzatina.