O prêmio é realizado pelo Instituto Cultural Chico Mário (ICCM), em parceria com o Instituto Guimarães Rosa (IGR), do Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Buenos Aires, Argentina. A iniciativa tem apoio do Espacio Tucumán, local que sediará a cerimônia de premiação, na capital argentina. A iniciativa é do pianista Marcos Souza, filho do compositor mineiro e um dos responsáveis pelo Instituto Cultural Chico Mário (ICCM).
O concurso objetiva valorizar os talentos do violão popular e promover a obra e memória do compositor mineiro Francisco Mário, um dos pioneiros da música independente no Brasil. Irmão mais novo do sociólogo Betinho e do cartunista Henfil, Chico Mário, como é conhecido, viveu apenas 39 anos, vítima de HIV contraída em uma transfusão de sangue contaminado. Apesar disso, deixou obra composta por oito discos que estão disponíveis nas plataformas de streaming, além de três livros.
À Agência Brasil, o filho do compositor revelou que a edição nacional de 2018 teve retorno acima do esperado, recebendo mais de 100 inscrições. “Todos os violonistas falaram que a obra do papai é maravilhosa para se tocar de violão e devia ser divulgada”. Com esse feedback positivo da música do Chico Mário e o fato de não ter mais prêmios de violão popular com valores altos levaram Marcos Souza a reconhecer que a premiação estava ocupando um espaço importante no campo do violão popular brasileiro. Em conversa com o Instituto Guimarães Rosa, ficou definido que a obra de Chico Mário seria levada para fora do Brasil, “para que violonistas toquem a música dele”.
Para concorrer, cada instrumentista deverá gravar um vídeo interpretando ao violão uma das obras de Chico Mário. “É um esforço para internacionalizar cada vez mais a obra do Francisco Mário e manter sua música sendo tocada, como ele desejou”, disse Marcos Souza. O vídeo deverá ser enviado ao YouTube, em modo público, com o link inscrito no formulário do prêmio. Serão selecionados dez finalistas que disputarão as melhores colocações no Espacio Tucumán, em Buenos Aires.
O primeiro colocado receberá US$ 7 mil, o segundo, US$ 800, e, do terceiro ao décimo classificado, será distribuído o valor de US$ 200 para cada um, como ajuda de custo para a viagem de retorno ao país onde o músico reside. Os valores serão pagos até 30 dias após a premiação, prevista para 14 de março, data em que se relembram os 35 anos da morte do compositor mineiro. Marcos informou que como os violonistas brasileiros poderão participar da premiação nas Américas, não será mais realizado o prêmio nacional.
Ainda neste ano, deverá ser realizado o 1º Prêmio Francisco Mário de Guitarra Popular versão europeia, em Amsterdã, Holanda, com final e júri ao vivo, no Teatro Munganga, no dia 22 de agosto, quando o compositor completaria 75 anos de idade. Essa versão se destina a violonistas da Europa que terão também que abordar a obra de Chico Mário. “Todo violonista tem que escolher uma das 89 músicas que ele deixou”. Chico Mário foi o precursor do disco independente, na década de 1970. “Era um visionário que gravou seus próprios discos, deixou uma obra vasta”.