A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que o IBGE colocou em campo desde 26 de agosto, traz uma novidade. Pela primeira vez, uma pesquisa domiciliar inclui, em escala nacional, um módulo de perguntas que ajudam na avaliação da qualidade dos serviços de atenção primária à saúde. Esse instrumento de coleta permitirá, também, comparações internacionais.
A atenção primária é a "porta de entrada" dos pacientes ao sistema público de saúde e tem sido objeto de preocupação dos gestores públicos há vários anos. Ela tem como atributos essenciais:
- o acesso ao primeiro contato;
- a continuidade do contato levando a uma relação de confiança entre a população e os serviços de saúde;
- a abrangência do serviço por meio de ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação;
- a coordenação com as demais etapas do serviço de saúde.
Em 2001, o sistema de avaliação da atenção primária à saúde conhecido como PCATool (Primary Care Assessment Tool) foi desenvolvido nos Estados Unidos. Em 2006, a versão brasileira do PCATool foi validada por uma equipe internacional, da qual participou o atual secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Erno Harzheim.
Para ele, a utilização do módulo pelo IBGE irá incentivar estados e municípios a fazer o mesmo em avaliações locais. “Esse formato facilita tanto a aplicação quanto a interpretação dos escores de resultados, que geram uma nota de 0 a 10 para avaliar o serviço de atenção primária”, explicou o secretário.
Na opinião do professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dr. Luiz Felipe Pinto, “a inserção desse instrumento na PNS é muito interessante, porque o IBGE passa a fazer um trabalho comparável em nível internacional. Essa pesquisa já é aplicada nas unidades de saúde, mas nunca houve coleta domiciliar em larga escala.”
Além dos Estados Unidos, outros países já usam módulos validados do PCATool, como por exemplo na Europa e Ásia. “A incorporação desse instrumento pelo IBGE coloca o Brasil numa posição de liderança e referência, principalmente para os países da América Latina, que ainda ensaiam, de forma tímida, um instrumento de avaliação nacional da atenção primária em seus países”, acrescentou o Dr. Harzheim.
Segundo o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, “o instituto está em negociação com o Ministério da Saúde para levantar esse tipo de informação de forma contínua”.
Até o final do ano, a PNS segue visitando cerca de 108 mil domicílios em 2.167 municípios de todo o país.