A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), indica que cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil, representando 34% dos "donos de negócio". Já o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), que é a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, com dados de 49 países, mostrou, que o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking de proporção de mulheres à frente de empreendimentos iniciais (menos de 42 meses de existência).
"Se eu contar ninguém acredita. O que eu tinha programado como profissão era ser comandante de navios, mas a vida como sempre nos surpreende". Com esta frase a hoje empresária Priscila Sigolo Germano, 35 anos, resume seu projeto de vida há pouco mais de uma década, quando conheceu seu marido e sócio e decidiu deixar para trás o sonho de comandar e pilotar navios mundo afora para mergulhar no universo do empreendedorismo, assim como 34% das brasileiras.
"A proposta do meu sócio de entrar para o ramo empresarial me pareceu pertinente na época", lembra Priscila, até então sem grandes experiências nos negócios, apesar de um histórico familiar ligado a ele.
O desafio pelo novo, que ela diz gostar, também pesou naquela época. A primeira experiência no mundo dos negócios foi uma loja de conveniência, montada do zero, onde ficou por um ano, quando foi vendida. "Com a venda da loja e com minha parte comprei 50% da sociedade no Dom Brejas. No início funcionávamos apenas como uma distribuidora de chopp artesanal em Campinas e em sete anos passou a distribuir para bares e restaurantes em toda a Região Metropolitana. Foi neste período que realmente começou meu desafio no mundo do empreendedorismo".
O gosto pelo negócio já havia tomado conta de Priscila. Neste meio tempo, ela e o sócio e marido decidiram ampliar os horizontes. O espaço da distribuidora ganhou um novo empreendimento: um bar e churrascaria para atender os clientes que iam retirar os produtos. "Na verdade, sempre gostei de desafios e conduzir dois negócios distintos foi mais um deles", disse.
Priscila recorda dos anos iniciais, quando fazia de tudo dentro do negócio: operacional, retaguarda, financeiro, comercial, dentre outras atribuições do dia a dia, que consumiam mais de 12 horas diárias de dedicação, sem contar as horas dedicas à vida pessoal.
"Mas conseguimos crescer em meio a tudo, enfrentando dificuldades e até o fechamento de uma unidade", diz ela, atribuindo o encerramento de um dos negócios ao momento de mercado e novas experiências adquiridas.
Uma das lições que tirou destes anos de trabalho e desafios foi o de oferecer oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional a mais mulheres. Hoje o bar conta com 80% de seu quadro formado por mulheres, que ocupam funções desde o administrativo, gerência, atendimento, cozinha e churrasqueira.
"Empreender e administrar uma empresa é diversificar o negócio sem perder a eficiência e a qualidade para sobreviver no mercado", ensina. "Os negócios estão cada vez mais dinâmicos, as coisas mudam muito rápido. Você tem de estar atenta e antenada em tendências, ter um olhar clínico para o seu público e a concorrência e perceber como agir em um mercado tão disputado como o nosso setor"
Todas as dificuldades não intimidam a empreendedora, que classifica esta paixão como extremamente satisfatória é gratificante. "Eu acho que me viciei no empreendedorismo", brinca, finalizando que não vai parar por aqui. "Vem novidades por aí", completa.