O Brasil é o 2º maior mercado privado de saúde do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos), mas enfrenta custos crescentes: em 2018, a média de reajuste dos contratos de planos coletivos foi de 13,32%. De acordo com dados da consultoria Aon, entre 2013 e 2018, o valor dos planos empresariais subiu 158,35%, muito acima da inflação do setor.
Criada em 2018 para combater os principais problemas do sistema de saúde, como alto custo, ineficiência e baixa qualidade no atendimento médico, a Sami atraiu a atenção de investidores nacionais e internacionais. Em outubro, a healthtech anunciou a maior rodada Série A já registrada em uma startup de saúde na América Latina.
O aporte, de R$ 86 milhões, foi coliderado pela Valor Capital Group e pela monashees e se soma aos investimentos de nomes como Redpoint eventures e Canary, totalizando mais de R$ 90 milhões. Esses são quatro dos cinco fundos mais ativos no Brasil e estão por trás de sete dos 13 unicórnios brasileiros.
O anúncio também marca a transformação da startup em uma operadora de planos de saúde focada em atender empresas de pequeno porte e profissionais liberais em São Paulo. A pandemia, que trouxe a regularização do uso da telemedicina no Brasil, fez com que os fundadores Vitor Asseituno e Guilherme Berardo entendessem que este é o momento certo para ajudar a tornar a saúde mais digital. Juntos, eles somam anos de experiência na área, além de contar com grandes lideranças do setor que se juntaram à empreitada.
"A Sami quer melhorar o atendimento ao paciente e também beneficiar todo o sistema, que precisa com urgência de uma transformação. Hoje encontramos um mercado de contratação difícil e burocrática que oferece planos caros e sem qualidade, valorizando mais a quantidade de procedimentos do que a orientação e o cuidado coordenado de saúde. As pessoas pagam caro e na hora que precisam não conseguem usar”, explica Dr. Vitor Asseituno, médico fundador e presidente da startup.
Para Michael Nicklas, sócio da Valor Capital Group, o setor necessita de uma atuação disruptiva. “É por meio de tecnologia que o mercado de saúde vai se empoderar e Sami está aplicando isso, com transformação digital, trazendo transparência e aumentando a interação dos usuários. Com isso, há ganhos de eficiência para as empresas e para o ecossistema como um todo”, afirma.
Para Rodrigo Baer, Partner da Redpoint eventures, é preciso repensar completamente o setor. "Com os incentivos desalinhos e a falta de gestão, o custo dos planos de saúde tem crescido de maneira insustentável, ou seja, cada vez menos pessoas conseguem pagar. A Sami se propõe a redesenhar o sistema de saúde, alavancando a disponibilidade de dados e o acompanhamento do paciente, para garantir atendimento de qualidade e custos controlados.”
O que a plataforma oferece
Com a nova rodada de capital, a Sami será pioneira na gestão de toda a cadeia de valor da saúde, da contratação à alta hospitalar, passando por consultas, exames e procedimentos. A plataforma vai oferecer atenção primária ao usuário e direcionamento médico 24 horas por dia.
“Na Sami somos norteados por valores como inteligência na saúde, confiança na relação e respeito ao tempo e dinheiro dos envolvidos. Isso nos leva a um serviço que preza pelo histórico médico coordenado com outros profissionais, uma medicina preventiva com um time de saúde disponível 24 horas por dia pelo aplicativo e muito respeito e transparência em todo o processo", afirma Vitor Asseituno.
A partir do dia 20 de outubro, quem morar em São Paulo e possuir CNPJ poderá se inscrever em uma lista de espera com condições especiais pelo site www.samisaude.com.br. Os primeiros clientes terão 1 ano grátis de Gympass, plataforma de benefício corporativo de bem-estar, com mais de 24.000 academias e mais de 40 aplicativos de saúde como ZenKlub, Mobills e BTFit. O produto deverá ser disponibilizado em novembro para quem se inscreveu na lista.
A Sami promete uma rede com qualidade superior aos outros modelos do mercado, e a um valor mais acessível. Para conquistar o preço competitivo, a empresa criou uma relação de parceria com os credenciados, deixando de tratá-los apenas como prestadores de serviços, além de oferecer uma remuneração com base na qualidade e não no volume de atendimento.
O primeiro hospital parceiro será a BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde a empresa também tem uma clínica para atendimento primário. A rede laboratorial utilizada nesse primeiro produto será a do Labi, com mais de 15 unidades na Região Metropolitana da cidade.
Segundo Caio Bolognesi, sócio da monashees, a virada de operação será uma grande transformação no setor. "Estamos muito felizes com a parceria com a Sami. Enxergamos no time empreendedores motivados a lançar muito mais do que um novo plano de saúde - eles estão repensando todos os incentivos ao longo da cadeia de saúde para promover um cuidado melhor aos seus clientes, com um custo muito mais atrativo para as empresas. Uma equação em que todos saem ganhando", aponta.
A Sami tem ainda três sócios muito conhecidos: Paulo Veras, ex-CEO e fundador da 99 (primeiro unicórnio brasileiro); Sérgio Ricardo dos Santos, ex-CEO da Amil, e Alan Warren, ex-Vice-Presidente do Google, criador do Google Drive e ex-CTO da Oscar Health, operadora digital de planos de saúde investida pelo Google que recentemente anunciou IPO para o próximo ano.