28/05/2020 às 08h17min - Atualizada em 28/05/2020 às 09h33min

Homenagem destaca trajetória de um dos engenheiros agrônomos percursores da calagem

Alfredo Scheid Lopes faleceu aos 83 anos de idade

DINO
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A agricultura mundial perdeu no último sábado, dia 23 de maio, um dos seus principais pesquisadores. O engenheiro agrônomo e professor Alfredo Scheid Lopes, o Alfredão, faleceu aos 83 anos de idade. Seu sepultamento ocorreu no dia seguinte numa cerimônia reservada aos familiares, em Lavras (MG).

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), João Bellato Júnior, destacou a contribuição do professor. "Foi um precursor nos estudos sobre a importância do solo e defensor permanente da calagem. Ficará sempre essa imagem", afirmou Bellato.

A calagem permite corrigir a acidez do solo antes do cultivo. "Manifestamos nossa solidariedade pela perda de nosso companheiro que tanto contribuiu para o crescimento do agronegócio brasileiro", citou, em nota, o Sindicato das Indústrias de Adubos e Corretivos de Minas Gerais (Sindac). O pesquisador era natural de Minduri (MG).

"Quis nosso Pai escolher uma data próxima ao Dia Nacional do Calcário para receber seu filho querido, numa homenagem pelo seu amor e dedicação pela causa que abraçou", disse Roberto Zamberlan, do Rio Grande do Sul. Já o Sindical-SP citou a ética e a humanidade de Alfredão.

Contra a fome

Alfredão se formou agrônomo na Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) em 1962, mesmo ano em que ingressou no quadro de professores da instituição. Num período turbulento de troca de administração, Alfredão e outros servidores trabalharam durante 2 anos sem receber salário.

Seu estudo pioneiro em solos do cerrado, nos anos 1970, permitiu o aumento da produção agrícola do País. A pesquisa é considerada uma das maiores conquistas agrícolas no combate à fome mundial no século passado, segundo o agrônomo norte-americano Norman Borlaug, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1970.

Alfredão destacava que era preciso o manejo da fertilidade dos solos para torná-los produtivos. A tese constou do mestrado em Ciências do Solo feito na Universidade da Carolina do Norte (EUA), na década de 1970.

Para o estudo, ele percorreu 600 mil km2 de solos no cerrado, avaliando 518 amostras. O tema foi ampliado no doutorado, concluído em 1977 na mesma instituição dos EUA.

A quarta edição do seu Guia de Fertilidade do Solo e toda produção científica estão disponíveis no site que leva seu nome - http://www.alfredao.com.br/.

Pelé

Alfredão sempre era citado no Enacal, encontro nacional dos produtores de calcário que acontece anualmente. Na edição de 2015, em Cuiabá (MT), sua conhecida avaliação sobre desperdício nos manejos do solo sem corrigir a acidez guiou parte dos debates.

Alfredão, assim chamado por seu 1,94 metro de altura, tinha como um dos hobbies a prática do futebol. Ele citava o jogo em 1957 no qual, como defensor do Fabril, de Lavras, tinha do outro lado uma então promessa do Santos Futebol Clube, de apelido Pelé.

O jovem santista fazia seu primeiro amistoso em gramados mineiros. Perguntado sobre a partida, Alfredão gostava de lembrar que anotou os dois gols do Fabril na derrota por 7 a 2 para o Santos.

Alfredo Scheid Lopes deixa dois filhos e netos. Ele lutava contra um câncer.



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