Os bombeiros voluntários gaúchos atenderam mais de 27 mil ocorrências em 2019, segundo levantamento concluído este mês, junto às 54 corporações civis do Estado. O relatório foi elaborado pela Associação dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul (Voluntersul) e levou em conta casos de combate a incêndios, socorro a vítimas de acidentes de trânsito, salvamentos aquáticos e diversas outras operações. O documento contempla também uma avaliação sobre a estrutura dos quartéis mantidos pelas comunidades.
Junto com Santa Catarina - onde a modalidade existe desde o século 19 (1892), o Rio Grande do Sul é um Estado de forte tradição em corporações onde os plantões e atendimentos a incêndios, acidentes de trânsito e outras emergências são feitos por pessoas da comunidade prestando serviço voluntário. Em alguns casos, com administração e motoristas de viaturas maiores pagos e com dedicação exclusiva. Mas todos civis, com comando civil e treinados por instituições e quartéis (militares ou não) de todo o País, além e unidades voluntárias e instituições de outros países (como Portugal, França, Chile e Argentina). A manutenção é feita com recursos das prefeituras e de outras entidades dos municípios, além de contribuições das comunidades.
ATENDIMENTOS E VIATURAS
Entre os corpos de bombeiros voluntários, o que mais atendeu chamados no ano passado foi o de Marau, no norte gaúcho, com 3.806 atendimentos. Em segundo vem a corporação de Três Coroas, na Serra, com 3.082 chamados. Em ambos os casos, em torno de 80% das chamadas foram para resgates com ambulância - quase sempre acidentes de trânsito. "Essa, na verdade, é uma regra em quase todas as corporações: a maior parte dos atendimentos é para resgate", explica o presidente da Voluntersul, Anderson Jociel da Rosa. "Mesmo nessas situações, o deslocamento é feito também com caminhão ou outro veículo grande de apoio, já que normalmente são necessários equipamentos extras, como desencarcerador, ou lavagem de pista, além da segurança para caso de fogo em veículo", destaca.
No quesito atendimento a incêndios, as corporações que mais atenderam a esse tipo de ocorrência no Estado foram Parque Eldorado (149 casos), Eldorado do Sul (144), Marau (135), Teutônia (108) e Garibaldi (98). Entre as estruturas, os voluntários gaúchos possuem 264 viaturas e 27 barcos. A mais bem equipada é a de São Sebastião do Caí (no Vale do Rio Caí), com 17 veículos, entre caminhões auto bomba tanque ou apenas tanque, ambulâncias e veículos de apoio, além de uma plataforma elevatória. Além disso, a corporação caiense é a que tem a maior capacidade imediata de água em veículos: 62 mil litros.
A segunda corporação com mais veículos é a de Nova Petrópolis (na Serra), com 14 viaturas (incluindo uma auto escada). Depois vêm empatados Rolante e Bom Princípios (11 viaturas) e, também empatados, Picada Café, Marau, igrejinha e Eldorado do Sul, com 10 viaturas cada.
PESSOAL
Entre o pessoal se revezando nos plantões, o relatório da Voluntersul aponta 1.522 bombeiros - 1.099 homens e 423 mulheres. Essa força garante o atendimento a uma população, somada, de 954.899 pessoas. O que dá uma proporção de um bombeiro para cada 627 pessoas. Isso é dentro da norma da National Fire Protection Association (NFPA), dos Estados Unidos, que aponta uma taxa ideal como sendo de 0,5 a 2,7 bombeiros para cada mil habitantes.
Algumas corporações aparecem no relatório sem registrar atendimentos, já que são unidades ainda sendo estruturadas. Caso de Cacique Doble, Balneário Pinhal, Bom Jesus e Arroio dos Ratos. "São comunidades que também passaram a apostar na mobilização voluntária", explica Anderson. Conforme o presidente da Voluntersul, o documento está sendo entregue a prefeituras das cidades atendidas e ao governador do Estado.