14/05/2020 às 12h49min - Atualizada em 14/05/2020 às 12h49min

Testes PCR podem ter até 50% de falsos positivos, alertam especialistas

- 87 News
Estudos Nacionais
 

O tipo de teste de Covid-19 mais utilizado até agora no mundo, desde o início da pandemia, é o teste PCR, que busca identificar a presença do RNA do Sars-cov-2. Diversos estudos já apontaram a baixa confiabilidade destes testes, que pode chegar a um índice alarmante de 47% a 50% de falsos positivos. É o que informou um estudo feito em publicação chinesa e que foi retirado do ar poucos meses depois.

O teste utiliza uma técnica chamada reação em cadeia da polimerase quantitativa por transcriptase reversa (RT -qPCR) para identificar a presença de RNA do vírus. Os testes seguem protocolos diferentes em diferentes países e o primeiro problema foi observado na China. Mas, estranhamente, o estudo que apontava os problemas do teste chinês de PCR foi retirado do ar após algum tempo sem qualquer explicação.

De acordo com reportagem do site americano NPR, o estudo científico foi feito com indivíduos que estavam em contato próximo com pacientes infectados com Sars-cov-2 e os resultados foram revisados por pares e publicados no Chinese Journal of Epidemiology, no dia 5 de março de 2020. A conclusão do estudo foi de que quase metade ou mais dos pacientes que testaram positivo para o Sars-cov-2, na verdade, não tinham o vírus. O jornal científico chinês não quis dar as razões da exclusão do artigo, que já havia sido traduzido para o inglês.

Mas se os testes chineses parecem problemáticos, os americanos, do CDC (Centro de Controle de Doenças) também decepcionam. Em março, uma reportagem do Wall Street Journal reportou o escândalo científico de que os testes de PCR não conseguiram distinguir o coronavírus da simples água. Parece brincadeira, mas não é. Até agora os órgãos americanos ainda não conseguiram responder o motivo de tamanha falha. Acontece que o CDC já havia enviado aqueles kits para os laboratórios dos estados.

“Não está claro por que o controle de qualidade não detectou esse problema antes dos kits serem enviados aos estados”, afirmou o e-mail do Governo, de acordo com o The Journal.

Como se não bastasse, há kits de testes que estão contaminados com cargas virais, muitas vezes baixas e inofensivas a humanos, mas invariavelmente captadas nos testes, gerando mais falsos positivos. Isso também indica um outro problema metodológico dos testes PCR.

De acordo com relatórios sobre o teste RT-qPCR para Sars-Cov-2, o teste vem sendo sendo usado como um teste qualitativo, apesar do nome da técnica incluir a palavra quantitativo. Isso significa que a quantidade real de vírus em uma amostra não é considerada importante, apenas a presença de uma pequena quantidade de vírus. Qual o problema com
isso? Não adianta o contaminado (o que é diferente de doente) estar com o vírus no corpo. Ele tem de ter uma carga viral suficiente para causar uma doença.

Como funciona um falso positivo

Um teste confiável precisa ter um equilíbrio entre sensibilidade e especificidade. De um lado, precisa ser sensível para encontrar o que procura e auxiliar na identificação do agente patogênico. Se um teste não tiver sensibilidade suficiente, não encontrará o agente. Por outro lado, a especificidade precisa garantir que ele irá saber distinguir o agente de outras coisas. Se o teste não for específico o suficiente, alguma outra coisa será identificada como sendo o agende procurado, gerando um falso positivo.

Segundo especialistas, um falso positivo pode significar que o teste está reagindo a outro vírus ou fonte genética ou detectar a presença de resíduos de Sars-cov-2 depois que um indivíduo previamente infectado não estiver mais doente. Quantidades muito pequenas de contaminação em laboratório também podem causar um falso positivo.

Falsos positivos significam maior número de notificação, ampliando as taxas de mortalidade relatadas, uma porta aberta para o sensacionalismo e o medo social, o que por sua vez abre as janelas do oportunismo político.

Diferentes tipos de teste

Já falamos sobre a taxa de precisão do RT-PCR, também chamados de testes de ensaios moleculares, os quais utilizam a única metodologia diagnóstica validada até o momento (reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa em tempo real/RT-PCR).

A outra opção são os testes rápidos, baseados nas técnicas imunocromatográficas aprovadas, que podem detectar os anticorpos IgM e IgG (as que utilizam amostras de sangue) ou os antígenos virais (no caso das que utilizam secreções respiratórias). As taxas de precisão deste tipo de teste ainda é desconhecida, pois há uma janela de tempo de infecção que pode fazer isso variar. Infectologistas falam em cerca de 75% de falsos negativos e 15% de falsos positivos.

Se isso for verdade, estamos falando de um teste com maior possibilidade de não detectar o vírus, diferente do PCR que pode achar coronavírus até mesmo onde não há.


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