Toda a comunidade científica, ao redor do mundo, está mobilizada em busca de uma solução para a maior crise humanitária dos últimos tempos, o Coronavírus. Certo que já temos em nível avançado alguns estudos que começarão os testes em humanos, mas esse processo ainda leva tempo, considerando que, para uma vacina ser liberada para o mercado, a média é de 12 a 14 meses de pesquisas e testes. Mas e até lá, como ficam as 3 bilhões de pessoas que vivem sob isolamento hoje?
No entendimento do empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior, "o caminho é implantar modelos eficientes de liberação gradativa, com base nas experiências já praticadas mundo afora, ciência e fiscalização rígida, além da consciência e apoio da sociedade". Mourinha, como o empresário é conhecido, alerta que o Brasil possui características específicas que precisam ser consideradas, como a desigualdade, níveis crescentes de empobrecimento da população e sistema público de saúde à beira do colapso. Esses elementos, em conjunto, fazem vítimas, mesmo sem contágio. "As pessoas estão morrendo em casa", diz Mourinha.
A curto e médio prazos, até o momento, os governantes não têm outra saída que não afrouxar o isolamento, partindo para o chamado isolamento vertical, focado na população de maior risco: idosos e pacientes de doenças que os tornam mais vulneráveis, como diabetes e hipertensão. Por outro lado, os cidadãos precisam cumprir seu dever diante da sociedade e seguir à risca a recomendação "fique em casa". Recentemente, na cidade de São Paulo, onde a flexibilização vem sendo ventilada há algum tempo, o índice de isolamento caiu para 48%, muito longe dos 70%, índice considerado ideal para o controle efetivo da pandemia. Esse declínio fez o governo paulista postergar a já anunciada disposição de flexibilizar o isolamento na primeira quinzena de maio. Em outros Estados, na primeira oportunidade, pessoas se aglomeraram em shopping centers, o que vai totalmente contra recomendações - e ao bom senso. Comportamentos assim fizeram com que outras localidades reavaliassem sua disposição de seguir o mesmo modelo.
Programas de testagem em massa também seriam um caminho possível. A questão é a necessidade de contraprova, diante da alta taxa de falsos positivos observada. No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) administra uma fila enorme de testes aguardando aprovação. Há pacientes que morrem sem ter registrado em sua certidão de óbito a causa mortis precisa. Mesmo com os laboratórios funcionando no limite de sua capacidade, são necessários pelo menos 15 dias para um resultado preciso e confiável.
Paralelamente, existem estudos, já em fase avançada, sobre medicamentos eficazes no tratamento da COVID-19. Estados Unidos, Reino Unido, Israel, China, entre outros países, já anunciaram fármacos que vêm se mostrando eficazes no combate à doença em fase inicial, evitando assim a evolução para o quadro agravado da COVID-19, que requer a internação em Unidades de Terapia Intensiva, para intubação e uso de ventilação artificial.
Na fase atual da pandemia, um combate clínico eficiente seria o caminho mais curto no combate à doença, associado às formas de contenção do contágio, que dependem do isolamento social, com liberação controlada para o retorno dos cidadãos às atividades laborais.
Ambientalistas e cientistas de renome internacional defendem a proibição do comércio de animais silvestre para consumo humano como medida mais eficaz para atacar a raiz da Covid-19 e outras doenças virais ainda desconhecidas. Essa é uma prática cultural em algumas regiões do mundo, como na própria China, provável origem da pandemia. Esses animais são vetores importantes de patologias ainda desconhecidas pela ciência, como já foram o ebola e agora a Covid-19.
Porém, instaurado o caos, configurada a pandemia, não há saída mais eficaz do que a descoberta de uma vacina. Foram noticiadas recentemente novas descobertas em Tel Aviv, tendo o cientista israelense Jonathan Gershoni recebido uma patente dos Estados Unidos por criar uma vacina para a família de vírus Corona, estando muito próximo de desenvolver a vacina contra a COVID-19. O princípio do experimento é atacar a proteína "spike", responsável pela interação do vírus com o corpo humano. Uma vez desenvolvida, produzida em massa e distribuída para a população mundial, a Covid-19 haverá de ser um grande divisor de águas para a ciência e a população mundial. Primeiro, por alertar para a busca das causas do problema. Além disso, por revelar a necessidade de reforçar os sistemas públicos de saúde e os meios de cooperação internacional para situações de pandemia. Ciência, sim. Mas acima de tudo solidariedade entre as nações.