Desde meados de janeiro de 2020, o isolamento social gradativamente começou a tomar proporções gigantescas pelo mundo todo. No Brasil, teve início em 16 de março e hoje se estima que um terço da população mundial esteja vivendo dessa forma, ou seja, aproximadamente 3 bilhões de pessoas atualmente estão em suas casas, muitas delas em home office, outras porque perderam seus postos de trabalho, foram temporariamente afastadas ou efetivamente desligadas. O fato é: o mundo se transformou por conta da COVID-19, mudou a rotina de bilhões de pessoas, seus hábitos, a forma como administram seu tempo e desenvolvem seu trabalho, para os que seguiram em atividade. Isso precipitou uma iminente revolução tecnológica, deu-lhe força para se estabelecer compulsoriamente e de forma imediata em nossa sociedade.
Há alguns anos, seria inimaginável que o primeiro contato de uma avó com seu netinho(a) seria pela tela de um telefone. Hoje é uma realidade, mesmo para os que não moram distante uns dos outros - pode se tornar uma questão de sobrevivência até. "Esse mesmo mundo está trazendo os pais e a força de trabalho para dentro do lar", avalia o empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior. Mourinha, como é conhecido, entende que vamos todos tirar lições importantes nesse campo. "Estamos em nossas casas, produzindo, mesmo que não a 100% ainda, e ao mesmo tempo sob o convívio com a família. Essa presença da família, partilhada com o trabalho, reforçará os vínculos e até fará com que os filhos entendam melhor o que os pais fazem, por que às vezes não podem atender quando chamam." Quanto ao trabalho propriamente dito, à medida que os espaços compartilhados no lar forem administrados e os limites respeitados, continua o empresário, "não tenho dúvidas de que teremos aumento de produtividade com o home office e essa passará a ser opção de contratação nos tempos pós-pandemia".
Em meio à pandemia da Covid-19, facilidades e comodidades propiciadas pela tecnologia conquistaram um espaço importante em nossa sociedade. Pode-se dizer que geraram um novo lifestyle, uma nova maneira de se fazer negócios. Enfim, trouxeram para a realidade modelos que vinham sendo testados pelas grandes corporações ao redor do mundo. Além de fomentar atividades que avançavam na economia criativa de forma marginal, como as empresas de serviços de delivery, que agora levam às residências até os pratos dos restaurantes mais tradicionais. Em paralelo, o processo de digitalização dos serviços bancários foi turbinado. Diante disso, o desafio aos bancos convencionais, de acordo com o CEO do Banco Santander Brasil, Sergio Rial, "os canais digitais são capazes de realizar as transações, mas é o fator humano que faz o relacionamento com o cliente prosperar".
Eis uma luz no fim do túnel para os que acreditam que o espaço para a mão de obra humana pode minguar como resultado dessa "revolução". Obviamente sofrerá abalos, mas é preciso entender que a maneira de se trabalhar e fazer negócios necessitará cada vez mais de especialização, formação em qualquer aspecto, não necessariamente estamos aqui falando em nível superior, mas sim em formação técnica, a fim de se oferecer atendimento qualificado e serviços diferenciados. Faz-se aí necessário o entendimento, tanto por parte da do Estado, que precisa ter a compreensão de que a educação será o fator decisivo para abastecer esses novos postos e manter a engrenagem funcionando, como também por parte de toda a população, investindo em si mesma e nas próximas gerações, para a capacitação nesse novo mercado.
Moura Junior ainda destaca que obviamente muitos ofícios permanecerão inalterados por um longo tempo, como a construção civil, segmentos do agronegócio, serviços em geral e tantos outros serviços em que a presença humana, as relações interpessoais são indispensáveis. Em paralelo, diz o empresário, após o final dessa fase de isolamento, as famílias mudarão seus hábitos de convívio social, valorizando ainda mais a presença entre entes queridos e amigos.
Resta-nos mergulhar profundamente nessas questões para termos o entendimento do que nos aguarda, nessa nova era de informação, tecnologia, inteligência artificial, big datas, etc. e conseguirmos colher frutos dessa tendência irrevogável, utilizando de todos esses meios a nosso favor, sem abandonar a necessidade de convivência e relações.