Muito antes da pandemia da Covid-19 já os asiáticos usavam máscaras cirúrgicas em público. Uma imagem que se banalizou inicialmente no Japão no início do século XX devido a outra pandemia, a da gripe espanhola. Este cenário, muitas vezes olhado com desconfiança e incompreensão, passa agora a ser a nova realidade na Alemanha.
Nos transportes públicos alemães abundam avisos como "mantenha a distância, tape a boca e o nariz". Nas estações de metro em Berlim, já há máquinas de venda automática de máscaras, parecidas com as de snacks ou garrafas de água. Muitos passageiros já circulavam de máscara na cara, mas o acessório vai mesmo passar a fazer parte do dia-a-dia.
A partir desta semana, é obrigatório em todos os estados alemães cobrir o nariz e a boca em certos locais públicos, como supermercados e transportes públicos. Isso pode ser feito não apenas com máscaras, mas também com lenços e panos.
Cautela no levantamento de restrições
A imposição acontece depois do levantamento de algumas restrições na Alemanha, que autorizaram a reabertura de algumas empresas, pequenas lojas e escolas. Na Baviera, o estado federado com mais infeções pelo novo coronavírus, o ministro-presidente Markus Söder confirma que cerca de 80% do setor do retalho já reabriu.
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Angela Merkel advertiu na semana passada o país para não ter pressa no regresso à vida normal, porque a pandemia está apenas no início e não na fase final. "Vamos viver com esse vírus por um longo tempo", afirmou.
A chanceler federal alemã pediu paciência e disciplina ao povo e aos legisladores do país, a fim de evitar uma possível catástrofe, caso a economia reabra cedo demais. Helge Braun, chefe de gabinete de Merkel, diz ser "muito cedo para levantar o distanciamento social" para evitar sobrecarregar o sistema de saúde no longo prazo.
Número de infeções ainda é alto
Especialistas do Instituto Robert Koch de Epidemiologia alertaram na sexta-feira (24.04), que apesar de algum sucesso da Alemanha no combate à Covid-19, ainda "não podemos baixar a guarda".
O vice-presidente do órgão, Lars Schaade, recorda que em poucas semanas morreram mais de 5 mil pessoas na Alemanha e que, atualmente, há uma média diária de cerca de 2 mil novos casos de Covid-19. O especialista considera este número ainda é muito alto, até porque cada uma dessas pessoas mantém contacto com outras, o que pode disparar o contágio a qualquer momento.
Segundo Schaade, o índice de contágio atual é de 0,9, o que significa que, em média, um grupo de dez pessoas infetadas contamina outras nove. "Se a taxa sobe outra vez para mais de 1, poderíamos entrar num crescimento exponencial que colocaria o sistema em xeque", avaliou o vice-presidente do Instituto Robert Koch. "É importante reduzir a quantidade de novas infeções a algumas centenas por dia, para poder pensar em relaxar mais as medidas."