O município de Painel, na Serra Catarinense, é considerado uma das cidades com maior produção de pinhão no Estado e, por isso, mais de 300 famílias têm a semente como uma fonte de renda extra. O problema é que a safra prevista para este ano será 15% menor em relação ao ano passado, que já apresentou quebra de 65%. Ou seja, o ano de 2020 terá uma safra 80% menor, quando comparada a uma colheita regular de pinhão.
“Conforme relatam os produtores do município, a quebra de 80% é o que se espera para este ano. Lembrando que a safra de pinhão é um complemento da renda anual. Para este ano, em particular, a safra é menor e consequentemente a receita é menor, também”, afirma o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Epagri de Painel, Cesar Alessandro Oliveira Arruda.
Especialistas dizem que a explicação para a queda da produção pode estar no clima. Estudos mostram que a polinização é uma época crítica, o que pode ter alguma interferência e alterar o ciclo de produção, pois o desenvolvimento do pinhão leva cerca de dois anos e meio. Lembrando que uma araucária começa a produzir pinhão entre 12 a 15 anos de idade. César também ressalta que até o final da safra deste ano, não há como prever a expectativa para 2021.
No Seminário realizado no IFSC, em junho de 2019, o pesquisador Leandro da Rosa Casanova, informou que “A produção do pinhão é de forma extrativa (o que a natureza oferece) e, por isso, a importância da coleta na economia local”. Na época, ele disse que produz 700 toneladas/ano, quantidade que seria a de uma safra normal.
O município é considerado o maior produtor de pinhão de Santa Catarina e até já desenvolveu algumas ações na tentativa de agregar valor ao produto. Além de máquinas para descascar o pinhão, uma dela previa o congelamento da semente para que a venda fosse realizada na entressafra, quando o preço seria bem maior.
Tanto em Painel, quanto na maioria dos municípios, parte da safra do pinhão é comercializada sem nota fiscal, o que dificulta estabelecer a quantidade produzida.
Cuidados com a colheita
Abril marca o tradicional início da colheita pinhão, que se estende até junho. Nesta época é comum as pessoas irem para o interior e subirem nos pinheiros para colher a pinha, pois as pinhas começam a amadurecer e liberar as sementes.
A colheita, no entanto, exige muitas vezes que se suba nas árvores. Os pinheiros geralmente são altos, o tronco e galhos são revestidos com grimpas que espetam. Mesmo assim, algumas pessoas se abraçam ao tronco e sobem.
Amarram uma vara de taquara na cintura e quando atingem o cume, se firmam e derrubam as pinhas que estão grudadas nos galhos. Outros utilizam um artefato chamado de espora, que contribui para fixar os pés no tronco. Os mais precavidos utilizam um cinto de segurança, que fica preso ao tronco.
“Como alerta, eu só pediria aos agricultores que vão fazer a retirada dessa safra, que tenham o maior cuidado possível, em virtude de subirem em um maior número de árvores para colher as pinhas, pois o preço estará bom, variando entre R$ 6,5 a R$ 10,9 o quilo.
Porém teremos um número bem menor de pinhas por árvore e, sendo assim, o cuidado deve ser redobrado”, comenta Cesar Alessandro Oliveira Arruda. Ele destaca que o pessoal da Epagri está trabalhando de forma home office, mas atende a todos os agricultores pelo aplicativo Epagri Mob.