O dólar não sustentou a queda de mais cedo e fechou em alta contra o real na terça-feira, com investidores ajustando posições na véspera de o Banco Central do Brasil provavelmente cortar de novo os juros, o que prejudicaria a atratividade da moeda brasileira como moeda de investimento.
O dólar à vista fechou em alta de 0,22%, a 4,2583 reais na venda.
Mais cedo, a cotação chegou a marcar 4,2242 reais na venda, em baixa de 0,58% no dia.
Na B3, o dólar futuro tinha alta de 0,18%, a 4,2610 reais.
O ensaio de queda do dólar durou pouco mais de uma hora após a abertura, e já por volta de 10h15 a moeda começou a ganhar força de forma consistente até alcançar as máximas do pregão perto do fim da sessão.
Ao mesmo tempo, os juros futuros se mantiveram em baixa durante todo o dia, após dados fracos de produção industrial abrirem espaço para mais apostas de corte de juros na quarta-feira. Pesquisa Reuters divulgada recentemente mostrou que economistas projetam corte de 0,25 ponto percentual, para nova mínima recorde de 4,25%.
O UBS estima que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) não apenas reduzirá a Selic em 0,25 ponto percentual nesta semana como também na reunião de março.
Os sucessivos cortes nos juros que ocorrem há vários meses reduziram a diferença entre as taxas pagas pelos títulos brasileiros e os papéis norte-americanos —considerados os mais seguros do mundo. Assim, o investidor estrangeiro tem tido menos estímulo para aplicar na renda fixa brasileira, o que tem prejudicado o fluxo cambial e jogado contra melhora na oferta de dólar no país.
Apesar disso, o UBS ainda projeta queda do dólar até o fim do ano para 4,00 reais, baseada em expectativa de recuperação econômica, de aprovação de mais reformas e em ajuste a expectativa de elevação do juro em 2021.
A última vez que o dólar ficou perto de 4,00 reais foi em 30 de dezembro de 2019, quando fechou a última sessão do ano passado em 4,0129 reais. Desde então, a moeda acumula alta de 6,1%.