O dólar fechou acima de 4,20 reais nesta terça-feira pela primeira vez desde o início de dezembro, com as operações locais novamente influenciadas pela força da moeda no exterior num dia de aversão a risco em meio a temores sobre novo vírus na China.
A ausência de sinais consistentes de melhora no fluxo cambial ao Brasil e as perspectivas mais sombrias quanto a isso têm deixado o real mais vulnerável às intempéries externas.
Tema que abalou os mercados nesta terça-feira, o coronavírus que matou pelo menos seis pessoas na China já infectou um cidadão norte-americano morador dos Estados Unidos e que visitou a China recentemente, segundo autoridades de saúde dos EUA. Wall Street recuava, enquanto os preços dos Treasuries e do iene subiam diante da busca por segurança.
“Por sermos um mercado líquido, acabamos ‘apanhando’ por tabela”, disse Luis Laudisio, operador da Renascença, referindo-se à má performance de divisas emergentes nesta sessão.
O peso mexicano, uma das moedas de melhor desempenho neste ano, caía cerca de 0,6% no fim da sessão, entre as maiores quedas do dia. Outras moedas latino-americanas se desvalorizavam entre 0,4% e 0,8%.
No Brasil, o dólar à vista terminou a sessão com ganho de 0,40%, a 4,2060 reais na venda. É o maior patamar para um encerramento de pregão desde 2 de dezembro de 2019 (4,2139 reais na venda).
No pico do dia, a cotação foi a 4,2094 reais na venda.
Na B3, o dólar futuro tinha alta de 0,42%, a 4,2125 reais.
O clima mais arisco no mercado de moedas neste começo de ano têm contaminado o real e afetado projeções de analistas. Em sondagem do Bank of America com gestores de fundos, mais participantes (40% do total) passaram a ver o dólar entre 4,01 reais e 4,20 reais ao fim deste ano. No levantamento do mês passado, a maior parte esperava taxa entre 3,81 reais e 4,00 reais.
Ao mesmo tempo, mais analistas consultados na pesquisa previram queda de juros. O fortalecimento recente de expectativas de corte da Selic também tem contribuído para o mau desempenho do real, diante de riscos de redução adicional no diferencial de taxas entre o Brasil e o restante do mundo, deixando o real menos atrativo como ativo de investimento.