26/02/2024 às 20h38min - Atualizada em 27/02/2024 às 00h01min

Fórum em São Paulo debate finanças climáticas

Financiamento de energia suja, como carvão, gás e petróleo, pode implicar em não atingir metas estabelecidas em acordos internacionais.

Agência Brasil
https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2024-02/forum-em-sao-paulo-debate-financas-climaticas



Começou nesta segunda-feira (26), em São Paulo, o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, organizado por entidades como os institutos Arapyaú, AYA e Clima e Sociedade. O evento termina nesta terça-feira (27) e vai reunir especialistas da área.



A fala inicial do primeiro painel deu o tom do fórum e sintetizou uma das mensagens reiteradas por vários participantes ao longo do dia.



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"Quando a gente fala de finanças climáticas, a gente tem que compreender que essa agenda demanda um olhar integrado. Então, tem que considerar as intersecções entre finanças, clima, natureza, bioeconomia, saúde, educação, ciência, tecnologia e inovação, infraestrutura, sempre colocando as pessoas no centro das decisões. E, para que essa agenda avance, é preciso que a gente crie as condições para que os investimentos na economia de baixo carbono gerem retorno financeiro e esses negócios prosperem, ao mesmo tempo que preservem a floresta e gerem renda para quem nela vive", afirmou a diretora-geral do Instituto Arapyaú,⁠ ⁠Renata Piazzon.



"Ninguém pode se beneficiar mais do que o Brasil nessa agenda", avaliou Renata.



A predominância de combustíveis fósseis tradicionais sobre os combustíveis de baixo carbono foi um dos aspectos citados pelos participantes dos painéis.



No período de 2018 a 2022, a cada R$ 1 investido em fontes de energia renováveis, foram gastos R$ 5,60 em combustíveis fósseis, de acordo com estudo divulgado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), em dezembro de 2023.



No mesmo período, o montante aplicado em combustíveis fósseis foi de R$ 334,6 bilhões, contra R$ 60,1 bilhões destinados aos combustíveis renováveis. No caso dos fósseis, o incremento no período de análise foi de 123,9%, contra 51,7% de alta, no caso dos renováveis.



Outro ponto abordado no evento foi a responsabilidade do Estado em relação ao financiamento de energia suja (carvão, gás e petróleo, por exemplo), o que pode implicar tanto em não atingir metas estabelecidas em acordos internacionais como em um custo social elevado.



A discussão retoma algo já criticado em outro relatório, o Fanning the Flames, de agosto de 2023, que fazia recomendações ao G20. Segundo os pesquisadores, caso os países que integram o grupo aplicassem o valor de US$ 1,4 trilhão que serviu para subsidiar combustíveis fósseis, poderiam resgatar o valor e ainda ter US$ 1 trilhão adicional, ao impor taxas ao segmento, cobrando entre US$ 25 a US$ 50 para cada tonelada de CO2 [dióxido de carbono] emitida na atmosfera.




São Paulo (SP) 26/02/2024 - 1º Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas., evento antecede o encontro do G20 , no hotel Rosewood.<br /> Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

São Paulo (SP) 26/02/2024 - 1º Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas., evento antecede o encontro do G20 , no hotel Rosewood.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil






1º Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas antecede encontro de ministros da Economia do G20 - Paulo Pinto/Agência Brasil




Para o representante da Open Society Foudations Iago Hairon é necessário que se amplie o debate sobre o papel do Estado e a tributação verde, já que é ela quem impulsionaria o setor privado a se comprometer mais com as pautas de transição energética e meio ambiente.



"Falar sobre financiamento e transição justa é entender que nossos países vivem realidades completamente distintas, mas que qualquer visão de desenvolvimento e de transição necessariamente vai precisar gerar empregos para as nossas populações e reduzir as desigualdades abissais que separam a gente. Desigualdades essas que foram criadas com uma visão de alicerce arcaico, que privilegia combustíveis fósseis, um agronegócio expansivo, que não respeita a legislação ambiental, que privilegia o desmatamento e a mineração ilegal", afirmou Hairon, que é gerente Programático Global de Finanças, Clima e Equidade.



Hairon acrescentou que se deve reconhecer que o neoliberalismo é um modelo que fracassou inclusive no norte global e que o momento requer uma repactuação internacional. "Digo isso por quê? Porque o neoliberalismo nunca funcionou no sul global", afirmou.



As informações são da Agência Brasil



Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2024-02/forum-em-sao-paulo-debate-financas-climaticas

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