“Hear Me Now”: Música de Alok ajuda jovem a sair do coma em SC

O DJ e produtor musical Alok, 28 anos, se tornou um improvável protagonista na recuperação de Lucas de Souza, 23 anos, que sofreu um grave acidente de moto em abril deste ano e ficou em coma por quinze dias. 
 

A colisão com uma árvore causou fraturas em todo o corpo do rapaz, além de traumatismo craniano e uma grave lesão no córtex frontal, região do cérebro responsável por processar as informações dos movimentos que executamos.
 

O que estimulou Lucas a sair do cama após 15 dias de tratamento no hospital São José de Joinville, ao que tudo indica, foi a música ‘Hear Me Now’, lançada pelo DJ goiano em 2016.
 

“Quando ele estava já há dez dias na UTI eu comecei a pesquisar, correr atrás, porque nesses dez primeiros dias a gente não sabia o que fazer, não comia não bebia, não fazia nada”, contou Odair José de Souza, pai de Lucas.
 

“Eu pesquisei que a música em algumas ocasiões na UTI ajuda o subconsciente do paciente, aí eu fui no sábado e pensei: vou colocar as músicas que eu gosto de curtir, ouvir e ele também”, afirma. O pai conta que a tentativa não obteve sucesso. Os batimentos cardíacos não tiveram alteração e o jovem não esboçou nenhuma reação.

Maria Eduarda, irmã caçula de Lucas, lembrou-se da faixa de Alok e Bruno Martini com Zeeba, uma das músicas preferidas do rapaz. A ideia foi perfeita, pois Lucas foi estimulado a reagir; seus batimentos cardíacos dispararam e ele, pela primeira vez desde o impacto, mexeu a mão e tentou se comunicar com o pai.
 

Consciente, Lucas conseguia responder às perguntas e entendia as recomendações. “Se tu tiver ouvindo o pai agora, aperta a mão do pai”, pediu Odair. “E ele apertou! Ele apertou a minha mão”, descreveu. “Eu falei: ‘então para’, e ele parou. ‘Agora faz carinho no pai’, e com o dedão ele começou a fazer carinho em mim”, completa.
 

O neurologista Felipe Ibiapina explica: “Tem sido provado em alguns estudos de ressonância magnética funcional e eletroencefalograma que determinadas músicas, principalmente aquelas que faziam parte da bibliografia musical do indivíduo, que já tinham algum vínculo emocional com aquele indivíduo, têm um efeito positivo na ativação cerebral de determinadasáreas, principalmente de memórias e emoções”.

Em seu perfil nas redes sociais, Alok se disse ‘extremamente feliz com a história’ e anunciou que irá se encontrar com Lucas nesta sexta-feira (18) quando se apresentará em Joinville.

O DJ deu uma entrevista ao Portal Phouse falando que sua relação com a música busca fazer o bem e impactar positivamente a vida das pessoas. “Acho que tudo faz sentido quando eu vejo que a música cria uma relação muito além da diversão, mas de resultados provenientes de todo o trabalho envolvido ao longo desses anos”, declarou.
 

“Antes eu procurava respostas e não encontrava; acabei encontrando no sorriso das pessoas que de alguma forma contribuímos para uma melhoria na qualidade de vida delas. Saber que nossa felicidade depende da felicidade dos outros é o primeiro passo pra termos um pouco mais de compaixão com o próximo. Hoje tudo faz sentido, e convido a todos verem sentido ajudando alguém também. Seja como for…”
 

Já o produtor Bruno Martini, também por trás do hit “Hear Me Now”, relatou: “Eu sempre falo que quando escuto música, não é só com os ouvidos. Acho que acabo escutando sempre pelo corpo inteiro, sabe? E é realmente muito bonito de ver essas coisas. A conexão que as pessoas têm com a música, como elas se conectam, e a sensação que causa dentro delas”.
 

“Se é pra uma ou pra cem milhões de pessoas, é muito gratificante saber que de alguma forma você conseguiu tocar os outros com a sua arte. Sempre que faço as músicas, coloco tanto coração que fico muito feliz quando vejo que as pessoas se conectam com essa emoção que coloco em cada faixa”.

Projetos e ações sociais
 

Alok cada vez mais se engaja em causas sociais, buscando ajudar pessoas necessitadas. No início deste mês ele divulgou em suas redes sociais um vídeo com ações de sua visita à na comunidade Rio do Vigário, em Canudos, no interior da Bahia, mostrando como ficou emocionado com a transformação do local.
 

Ele também atua como padrinho da ONG Fraternidade sem Fronteiras, que promove o Retratos da Esperança. O projeto “presta assistência a famílias em situação de extrema pobreza no sertão nordestino”, declara a ONG em seu site.